abril 21, 2025
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Prefeita de São João da Baliza é acusada de LGBTfobia e alega tentativa de extorsão

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A prefeita do município de São João da Baliza, Luiza Maura (PP), entrou na mira de mais uma polêmica após duas denúncias de LGBTfobia ocorridos no ano eleitoral de 2024. A polêmica ganhou repercussão após a Associação Roraimense pela Diversidade Sexual (Grupo Diversidade) emitir uma nota de solidariedade na última terça-feira, 18. 

As vítimas são a estudante do curso técnico em enfermagem e mulher trans, Whini Castro de Jesus, de 36 anos, e vendedor Guilherme Soares da Silva, de 21 anos. Ambos denunciaram terem sido vítimas de ataques LGBTfóbicos, que teriam sido cometidos pela prefeita de São João da Baliza.

Na nota, a Associação repudiou qualquer forma de discriminação e violência contra a população LGBTQIA+, especialmente quando praticadas por agentes públicos. A entidade ressaltou que a LGBTfobia é crime e cobrou providências das autoridades para que os responsáveis sejam responsabilizados.

Confira a nota:

Transfobia

Conforme Whini Castro de Jesus, o caso de transfobia aconteceu em maio do ano passado. Em uma publicação no Instagram, a prefeita Luiza Maura e a deputada Helena Lima (MDB) anunciaram uma parceria com investimentos no município. 

Whini Castro de Jesus (Foto: Arquivo Pessoal)

Whini comentou na publicação afirmando que a chefe do executivo de Baliza não levantou uma bandeira da parlamentar, “muito pelo contrário, queria era a senhora perde-se a eleição [sic]”, escreveu. A estudante ainda alertou a deputada. “Todo o meu respeito minha deputada, mas essa aí não não não [sic]”, escreveu. 

Os comentários de Whini foram printados e enviados à prefeita Luiza Maura. Em uma conversa privada, que acabou vazando, a gestora fez declarações transfóbicas sobre a estudante. A pessoa que enviou os prints para a prefeita comentou: “A gay, endoidou lá no insta”, afirmou o remetente referindo-se à Whini. 

Logo em seguida, a prefeitura comenta que ainda não havia visto os comentários. “Mulher eu nem me rebaixo! Com uma desqualificada dessa que anda com o ‘bígullim’ amarrada com barbante. Ela continua com o bigodinho dela amarrado para trás com barbante querendo ser mulher! E eu continuo uma linda mulher sendo prefeita e mais bem avaliada do estado! Aí vc acha que vou me dá o luxo de pedir para o bastião falar com ela!?”, disparou Maura. 

Whini e a mãe dela foram servidoras da Prefeitura de São João da Baliza e chegaram a apoiar a gestão de Luiza Maura, no entanto foram exoneradas. Na continuação da conversa, a prefeita fala sobre a situação delas. “A mãe está fora, e vai continuar enquanto eu estiver prefeita e ela tb [sic]”, declarou. 

Em outro trecho da conversa, a prefeita afirma ainda que quem tá fazendo ‘macumba’ para ela é “essa gay aí”, referindo-se a Whini. Ela finaliza escrevendo: “Tamanho ódio”.  

Posicinamento de Whini 

Diante da gravidade das declarações da prefeita, Whini Castro decidiu registrar um Boletim de Ocorrência contra Luiza Maura, formalizando a denúncia por transfobia. Em maio de 2024, ela procurou a Polícia Civil para apresentar provas do crime de injúria, incluindo os prints das mensagens vazadas. No entanto, após uma conversa com a prefeita, na qual recebeu proposta e promessa de ser reintegrada ao trabalho e de evitar maiores conflitos, ela decidiu retirar a queixa.

Porém, com o passar dos meses, Whini percebeu que o acordo extrajudicial não seria cumprido. A reintegração ao trabalho não aconteceu e a situação permaneceu inalterada. Diante disso, em 7 de janeiro deste ano, ela decidiu retomar a denúncia e registrou um novo Boletim de Ocorrência, reforçando as acusações contra Luiza Maura e buscando sua responsabilização na Justiça.

“Não foi uma decisão fácil, mas era necessária. No começo, eu hesitei porque queria evitar problemas para mim e minha família. Mas percebi que, se eu ficasse calada, essa violência continuaria acontecendo com outras pessoas. A transfobia é crime, e essas atitudes não podem ficar impunes”, afirmou Whini.

Homofobia

Outra situação de LGBTfobia supostamente praticada por Luiza Maura também vazou nas redes sociais por meio de prints de conversas do WhatsApp. A vítima desta vez foi o vendedor Guilherme Soares da Silva, de 21 anos.

Guilherme Soares da Silva (Foto: Arquivo Pessoal)

Nas mensagens atribuídas à Luiza Maura ela começa lembrando que a eleição para o Governo é daqui há alguns meses. No balão seguinte ela fala: “Só sei que a família do Guilherme sempre foi assistida e por mim desde que Mauro trabalhou na bbf [sic]”, disse.

A pessoa com quem ela conversa escreveu um “pois é” e ela continua. “Acho que é o padrasto dele. A tia Tb com câncer sempre ajudei. A vó dele então, monte de vezes. Vamos vê agora [sic]”, escreveu. Na mensagem seguinte, a pessoa com quem ela conversa comenta que Guilherme está namorando um estudante de medicina. Ela reage com falas homofóbicas. 

“Tão novo e estragado. Tadinho. Vivo a luz da Bíblia. E ela condena esse tipo de coisa. Então não posso dizer que acho bonito”, disparou. 

Em entrevista ao Portal O Fato, Guilherme afirmou que foi funcionário da Prefeitura de São João da Baliza e que realmente Luiza Maura sempre se dispôs a ajudar e que no momento que soube das mensagens, se surpreendeu. “Logo que tive acesso aos prints, entrei com uma ação judicial que já está em tramitação”, afirmou. 

Prefeita alega tentativa de extorsão 

A prefeita de São João da Baliza, Luiza Maura (PP), negou as acusações de LGBTfobia feitas pela estudante trans Whini Castro de Jesus e apresentou sua versão dos fatos. Em um Boletim de Ocorrência registrado, Maura alegou que foi vítima de uma tentativa de extorsão por parte de Whini, que teria exigido dinheiro para não denunciá-la publicamente.

Segundo o relato da prefeita, em meados de junho de 2024, ela foi até a casa do senhor Sebastião Pereira a pedido de Whini para uma conversa. No local, além da estudante, estavam presentes sua mãe e o proprietário da residência. Durante o encontro, Whini teria mostrado um print de uma conversa privada entre Maura e a ex-secretária de Educação Davilmar Lima Soares, onde a prefeita fazia comentários considerados homofóbicos sobre a estudante.

Maura afirmou que, na ocasião, esclareceu o contexto da conversa, alegando que os comentários foram feitos em resposta a postagens ofensivas e falsas publicadas por Whini em redes sociais. “Mesmo assim, pedi desculpas pelos comentários, mas ressaltei que os fiz em conversa privada cujo conteúdo não havia autorizado a divulgação com terceiros”, declarou a prefeita.

No entanto, segundo Maura, Whini teria dito que as desculpas não seriam suficientes e que queria dinheiro para não registrar um Boletim de Ocorrência e não expô-la publicamente. “Disse que para não fazer isso eu teria que dar R$ 80 mil para ela, e se eu não desse ela iria nos jornais, na TV, nas rádios e nos grupos para fazer o inferno contra mim”, afirmou a prefeita.

Diante da suposta insistência e ameaças, Maura disse que inicialmente ofereceu pagar R$ 3 mil por oito meses, mas Whini teria recusado, alegando que queria comprar uma moto. “Ela disse que queria comprar uma moto, e se eu desse R$ 20 mil a ela, esqueceria o ocorrido”, relatou a prefeita. Pressionada, Maura aceitou o acordo e determinou que o valor fosse entregue à estudante por meio de sua aliada Kátia Abade.

Ainda segundo o relato da prefeita, mesmo após receber o dinheiro, Whini teria entrado novamente em contato com Kátia Abade para pedir mais recursos, dessa vez para a compra de material escolar. O pedido não foi atendido. “Informo que a Sra. Kátia pode testemunhar, bem como há prints de conversas que comprovam o fato”, destacou Maura no Boletim de Ocorrência.

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