Durante a sessão ordinária desta terça-feira (11), o vice-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e presidente da CPI das Terras, deputado Jorge Everton (União Brasil), apresentou denúncias sobre esquemas de grilagem no estado. No decorrer das investigações, Everton determinou a prisão da testemunha Jamiro Alves da Silva, após identificar contradições em seu depoimento e inconsistências em seu patrimônio.
“Na primeira reunião da CPI, investigamos um caso de grilagem de oito hectares em Boa Vista, uma área avaliada em R$ 30 milhões que está em litígio. O deputado Renato Silva encontrou falhas absurdas, com uma proprietária de título definitivo perdendo suas terras para um grileiro. E ontem, ao ouvir uma testemunha, que atua como procurador de um pedreiro, percebemos que ele mentia o tempo todo. Quero deixar um alerta: quem vier depor precisa falar a verdade, pois estamos tratando esse caso com seriedade e vamos descobrir toda a verdade”, afirmou Everton.
O parlamentar destacou ainda as discrepâncias no patrimônio do depoente. “Perguntei se ele possuía patrimônio e ele disse que não, apenas um terreno na Pintolândia. Parecia uma pessoa de poucas posses, mas descobrimos que ele declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de mais de R$ 10 milhões. Esse dinheiro é dele ou ele é laranja de alguém? Vamos investigar cada terreno e cada bem que ele possui”, enfatizou.
Deputado denuncia organização criminosa no Iteraima
Durante a sessão, o deputado Renato Silva (Podemos) fez um aparte denunciando a existência de uma estrutura criminosa operando dentro do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima).
“Temos servidores tentando enganar a CPI, como o topógrafo Mariano. Ele não foi conduzido ontem, mas responderá pelo que foi apurado. O problema não está apenas na presidência do Iteraima, mas em uma organização criminosa montada dentro do órgão por servidores efetivos. Isso precisa ser investigado, porque esses grileiros têm acesso direto ao Iteraima, aos técnicos, e manipulam processos de forma absurda”, denunciou Silva.
Segundo ele, há provas de que processos arquivados são reabertos irregularmente para beneficiar grileiros, mesmo quando há sobreposição de terras e propriedades com documentação regular e georreferenciada.
O deputado Marcinho Belota (PRTB) reforçou a confiança no trabalho da comissão. “Parabenizo essa CPI porque ela não vai acabar em pizza. Tenho orgulho de fazer parte desse trabalho sério”, declarou.
Já o deputado Idázio da Perfil (PMB) sugeriu ampliar as investigações para incluir invasões de terras e seus mentores, especialmente em áreas de reserva ambiental.
Ao encerrar seu pronunciamento, Jorge Everton afirmou que analisará o pedido de ampliação da CPI, mas ressaltou a necessidade de manter o foco para evitar questionamentos jurídicos que possam comprometer a investigação. Ele também destacou a possível participação do poder público nos esquemas de grilagem.
“O que estamos constatando é que grandes grilagens acontecem com apoio estatal. Isso ficou evidente no depoimento da presidente do Iteraima, Adilma Costa. Levei pessoalmente ao governador Antonio Denarium a denúncia de um invasor de terras em Rorainópolis, que ocupa uma área de mais de 30 mil hectares. Na época, fui com a presidente da associação, Adriana, e descobrimos que a filha do grileiro trabalhava na antessala da presidência do Iteraima. Isso precisa ser investigado a fundo”, concluiu Everton, reforçando a necessidade de aprofundar as apurações sobre o uso do órgão fundiário para facilitar fraudes no estado.
