A Polícia Federal prendeu um delegado da Polícia Civil do Amazonas, uma vereadora de Caracaraí (RR) e cinco policiais durante a Operação Jeremias 22:17, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 22, com apoio do Ministério Público de Roraima. A ação teve como objetivo apurar o sequestro e a tortura de um homem supostamente envolvido com o furto de uma carga de cassiterita extraída ilegalmente da Terra Indígena Yanomami.
A operação cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária nos estados de Roraima, Amazonas, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Presos identificados por envolvimento no sequestro
Entre os alvos da operação estão:
- Adriano Félix Claudino da Silva, delegado da Polícia Civil do Amazonas;
- Adriana Souza dos Santos, vereadora de Caracaraí e escrivã da Polícia Civil de Roraima;
- Álvaro Tibúrcio Steinheuser, policial civil do Amazonas;
- Edmilton Freire dos Santos, policial civil do Amazonas;
- Jan Elber Dantas Ferreira, policial militar de Roraima;
- Matheus Possebon, empresário;
- Lidivan Santos dos Reis, empresário, já investigado por tráfico de drogas em outro processo.
O caso investigado ocorreu em 8 de fevereiro de 2023. Segundo as investigações, a vítima foi abordada por supostos policiais civis na vicinal 3, zona rural de Caracaraí, sob o pretexto de uma ocorrência. Foi então convencida a seguir até a vicinal 4, onde passou a ser agredida. No local, foi algemada, ameaçada e submetida a choques elétricos e espancamentos, que resultaram em lesões no tórax e nos pulsos.
Conforme relato do pai da vítima à Polícia Militar, os agressores buscavam informações sobre o paradeiro de um caminhão graneleiro supostamente furtado, carregado com cassiterita. A vítima foi levada a Iracema e depois a Mucajaí, onde novos interrogatórios foram conduzidos.
Durante o percurso, outros três homens, que se identificaram como integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), chegaram a inspecionar o celular da vítima. Após horas de agressões, o homem foi libertado e recebeu R$ 60 para retornar de ônibus a Caracaraí. Dois suspeitos foram presos em flagrante ainda na ocasião.
Grupo criminoso organizado
De acordo com a Polícia Federal, os presos integravam um grupo criminoso estruturado para proteger cargas de minério retiradas ilegalmente da Terra Yanomami. A atuação incluía escolta armada, segurança privada clandestina e investigações paralelas à atividade policial oficial, com uso de violência.