dezembro 28, 2025
InícioBrasilCâmara aprova projeto que reformula política de cotas nas universidades federais

Câmara aprova projeto que reformula política de cotas nas universidades federais

Publicado em

A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5384/20, da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e outros, que reformula a Lei de Cotas no ensino federal. A proposta será enviada ao Senado.

Entre outros pontos, o texto diminui de 1,5 para um salário mínimo a renda per capita familiar máxima do estudante candidato ao ingresso pelas cotas por ter cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

O projeto foi aprovado na forma de substitutivo da relatora, deputada Dandara (PT-MG). Segundo o texto, a avaliação do sistema de cotas deverá continuar a ocorrer a cada dez anos e os integrantes de quilombos também poderão acessar o ensino federal por meio dessa reserva.

O substitutivo estabelece um novo mecanismo para o preenchimento das cotas. Em vez de os cotistas concorrerem somente às vagas estipuladas para seu subgrupo (pretos, pardos, indígenas, etc.), eles concorrerão às vagas gerais. Se não alcançarem a nota para ingresso, então sua nota será usada para concorrer às vagas reservadas a seu subgrupo dentro da cota global de 50%.

Relatora da proposta, a deputada Dandara afirmou que esta ação afirmativa garantiu a sua formação educacional. “Eu sou o resultado da política de cotas, tenho muito orgulho de ter sido cotista na graduação e na pós-graduação. Se não fosse a Lei de Cotas, eu não estaria aqui”, disse.

Dandara foi responsável por construir um acordo que retirou a obstrução de partidos inicialmente contrários à proposta. A votação foi acompanhada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e pelo relator do projeto no Senado, senador Paulo Paim (PT-RS).

A deputada Soraya Santos (PL-RJ) destacou que o acordo garantiu critérios que privilegiam os estudantes de escolas públicas e levam em consideração a situação socioeconômica do cotista. “Sei que a maioria do meu partido é contra as cotas, mas temos lá vários deputados e deputadas que são a favor”, disse. Ela destacou que a ação afirmativa tem o objetivo de garantir igualdade aos desiguais.

Inclusão

Dandara afirmou que a proposta busca garantir o direito à educação às pessoas negras, indígenas, quilombolas e sobretudo estudantes da escola pública. “Não é pouca coisa, é o reconhecimento de que a educação é capaz de transformar vidas”, disse.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) defendeu o aperfeiçoamento das cotas nas universidades. “Se olharmos qualquer critério de desigualdade, é o povo preto que está lá nesse grupo. Esse é o país real.”

Para o deputado Vicentinho (PT-SP), a política de cotas é uma experiência bem-sucedida que tem feito reparação histórica. “Esta Casa cumpre um papel histórico quando tem a coragem de dizer que as pessoas, pela cor da sua pele, são excluídas da vida. Nós somos minoria aqui nesta Casa. Não queremos ser maioria, mas queremos ser igual.”

A autora do projeto, deputada Maria do Rosário, destacou que estender a política de cotas é uma ação no combate ao racismo estrutural. “É uma proposta em favor do Brasil”, disse.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) ressaltou que as cotas mudaram a realidade das universidades brasileiras. “O Brasil tem que dar oportunidade a todos”, declarou.

Contrários

Líder da oposição, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que as cotas raciais nunca deram certo e ampliam a divisão entre grupos étnicos. “A intenção não é privilegiar os mais pobres, mas promover a equiparação de brancos e negros nos espaços públicos. Isso é um verdadeiro absurdo. Ou não temos brancos que nascem em favela? Ou negros que nascem em berço de ouro?”, questionou.

O deputado Helio Lopes (PL-RJ) também afirmou que as cotas ampliam a divisão da sociedade. “A pobreza não tem cor, a cota tem que ser pela vulnerabilidade. Meus filhos são negros e têm que concorrer com igualdade”, disse.

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) criticou a proposta e afirmou que há “tribunais raciais” que avaliam os candidatos nas universidades. “Eu vou votar contra essa proposta porque ela é um equívoco.”

Já o deputado Kim Kataguiri (União-SP) afirmou que as cotas precisam olhar para a condição social do aluno. “A cota não soluciona o problema”, disse.

Ele defendeu o investimento em medidas de combate à evasão escolar. “O aluno de baixa renda não tem acesso às cotas porque ele não termina o ensino médio, ele sai porque precisa trabalhar.”

Marcel van Hattem e Kim Kataguiri citaram estudos norte-americanos que criticam a adoção de ações afirmativas.

Conteúdo: Agência Câmara de Notícias

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados 

spot_img

Últimos Artigos

Loja da Havaianas em Belém registra aumento de público após boicote convocado nas redes

Uma loja da Havaianas em Belém registrou movimento intenso de consumidores após a repercussão...

Prefeitura de Boa Vista prorroga plantão para declaração de tempo de serviço do seletivo da SMEC

A Prefeitura de Boa Vista estendeu até este domingo, 28, o plantão presencial para...

Ex-governador do Tocantins, Moisés Avelino morre aos 85 anos

O ex-governador do Tocantins, ex-prefeito de Paraíso do Tocantins e ex-deputado federal Moisés Avelino...

PM é flagrado cometendo infrações de trânsito e desacata guardas municipais em Belém

Durante uma ação de fiscalização de trânsito realizada nesta sexta-feira 27, na avenida Padre...

Mais como este

Loja da Havaianas em Belém registra aumento de público após boicote convocado nas redes

Uma loja da Havaianas em Belém registrou movimento intenso de consumidores após a repercussão...

Prefeitura de Boa Vista prorroga plantão para declaração de tempo de serviço do seletivo da SMEC

A Prefeitura de Boa Vista estendeu até este domingo, 28, o plantão presencial para...

Ex-governador do Tocantins, Moisés Avelino morre aos 85 anos

O ex-governador do Tocantins, ex-prefeito de Paraíso do Tocantins e ex-deputado federal Moisés Avelino...