Com Flávio Antony, o grupo governista amargou derrotas em Parintins e na capital Manaus, em 2024. O que chama a atenção para o resultado negativo nas urnas é que os candidatos do governo eram tidos como vitoriosos, até mesmo em pesquisas políticas divulgadas dias antes.
Em Parintins, a vereadora Brena Dianná, do União, liderou diversas pesquisas eleitorais contra o candidato do prefeito Bi Garcia, o vereador Matheus Assayag. Inclusive, na semana da eleição, uma pesquisa divulgada apontava uma possível vitória esmagadora de Brena.
Contudo, a divulgação de um vídeo tem sido apontada como o ponto final na trajetória vitoriosa da candidata governista. No vídeo em questão, membros do alto escalão do Governo do Amazonas foram gravados em uma reunião onde, supostamente, articulavam uma série de ações em benefício de Brena Dianná, do União Brasil, em Parintins.
Na ocasião, foram registrados nos vídeos:
Fabrício Rogério Cyrino Barbosa (Secretário de Estado de Administração)
Marcos Apolo Muniz de Araújo (Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa)
Armando Silva do Valle (Diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas)
Tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos – (Comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam)
Capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins (Companhia de Operações Especiais)
Flávio Antony – Chefe da Casa Civil
Exonerações
Diante da gravidade do caso, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) recomendou ao Governo do Amazonas a exoneração de todos os flagrados na suposta reunião. No entanto, o governo atendeu apenas parcialmente à recomendação, pois não exonerou o secretário Flávio Antony, que também foi flagrado na reunião.
Repercussão
Assim como Brena Dianná sofreu derrota em Parintins, o deputado estadual Roberto Cidade, candidato de Wilson Lima, também amargou derrota em Manaus. Cidade figurava como segundo colocado em mais de 15 pesquisas de intenção de votos e era apontado como um provável adversário de David Almeida (Avante) no segundo turno, o que não ocorreu.
Quem foi ao segundo turno foi o deputado federal Alberto Neto (PL), que enfrentou David Almeida, reeleito com grande folga. Nos bastidores, comentou-se que a divulgação do vídeo repercutiu negativamente e afetou o resultado nas urnas.
Operação Tupinambarana Liberta
No dia 3 de outubro, dias antes da eleição, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tupinambarana Liberta para combater crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, abolição do estado democrático de direito, utilização de violência para obter votos e impedir o exercício de propaganda eleitoral.
Foram alvos da operação os ex-secretários do governo de Wilson Lima, Fabrício Rogério Barbosa e Marcos Apolo Muniz de Araújo, além do ex-diretor da Cosama, Armando do Vale.
Na ação, a Polícia Federal mobilizou cerca de 50 agentes para cumprir cinco mandados de busca e apreensão em residências dos investigados. De acordo com a corporação, a operação teve como objetivo desarticular uma associação criminosa envolvendo membros de uma facção e agentes públicos.
O grupo teria atuado em conluio para cometer crimes eleitorais em benefício de uma candidatura na cidade de Parintins, localizada a 369 quilômetros de Manaus. As investigações apontam que estruturas do Estado, incluindo forças policiais, foram utilizadas para favorecer uma chapa concorrente à Prefeitura de Parintins.
Além das buscas, a Justiça Eleitoral determinou medidas cautelares, como a proibição de acesso dos investigados ao município de Parintins e a restrição de contato entre eles e com coligações partidárias locais.
Condenação
O chefe da Casa Civil, Flávio Antony, único participante da suposta reunião para fraudar eleições em Parintins poupado pelo governador Wilson Lima e mantido no alto escalão, foi condenado por abuso de poder político durante o processo eleitoral em Parintins.
A condenação do número um de Wilson Lima ocorreu no dia 4 de outubro e foi proferida pela juíza eleitoral de Parintins, Juliana Arraes Mousinho. A decisão foi baseada em investigações que apontaram o uso da máquina pública estadual para favorecer candidatos aliados do grupo político governista.
Segundo a decisão, a condenação ocorreu devido a um evento realizado em 17 de junho. Durante a ocasião, em uma atividade oficial do Governo do Amazonas em uma escola estadual na Agrovila do Mocambo, Flávio Antony pediu votos explicitamente para Brena Dianná, então pré-candidata à prefeitura de Parintins, além de outros pré-candidatos, como Márcia Baranda, Babá Tupinambá e Marcos Sarmento Azevedo.
Conforme a sentença, o chefe da Casa Civil foi considerado culpado por usar sua posição e os recursos públicos para influenciar diretamente o processo eleitoral em benefício de Brena Dianná.
Álik Menezes – Jornalista