junho 16, 2025
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ALE-RR discute ações integradas para conter avanço da violência contra mulheres, crianças e adolescentes

Reunião contou com Judiciário, segurança pública, conselhos tutelares e assistência social para propor medidas urgentes

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A Comissão Especial de Combate à Violência contra Mulheres, Crianças e Adolescentes da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) reuniu-se nesta segunda-feira (9), no plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas, com representantes do sistema de segurança pública, Poder Judiciário, conselhos tutelares e áreas sociais para discutir estratégias, buscar alternativas de enfrentamento e reforçar a união de forças no combate às violações contra grupos vulneráveis.

O colegiado foi criado por ato da Mesa Diretora, motivado pelo aumento dos registros de violência contra meninas e mulheres em Roraima.

A presidente da comissão, deputada Catarina Guerra (União), ressaltou que mais do que propor ações pontuais, é necessário compreender a origem do problema e fortalecer o trabalho conjunto.

“Se hoje nos deparamos com números alarmantes, fruto de um trabalho de apuração feito pela Polícia Civil, Secretaria de Segurança, Secretaria de Atenção Especial, Conselho Tutelar e Tribunal de Justiça, precisamos unir esforços. A Casa Legislativa está à disposição para colaborar”, destacou.

O deputado Renato Silva (Podemos), membro da comissão, alertou para o número crescente de casos de abuso envolvendo crianças com menos de dois anos — tema que ele levou à tribuna na semana passada.

“Essa foi a motivação inicial para a criação da comissão. Estamos aqui para ouvir, entender e agir. A Assembleia pode contribuir com o orçamento, campanhas e mobilização. O objetivo é somar forças com os demais órgãos”, pontuou.

Trabalho integrado 

A delegada-geral da Polícia Civil de Roraima, Darlinda de Moura Viana, lamentou que a maioria dos crimes ocorra no ambiente familiar, o que dificulta o enfrentamento.

“Infelizmente, são crimes intramuros. A segurança pública é limitada para alcançar todos os lares. Por isso, precisamos da educação, da saúde e da assistência social como aliados na prevenção e identificação precoce dos casos. Só assim podemos mudar essa realidade”, afirmou.

A secretária estadual de Segurança Pública, Carla Jordanna Meneses, reforçou que os lares são locais de difícil acesso para a polícia e destacou que há recursos disponíveis para ações específicas de enfrentamento.

“Os recursos já estão na conta e serão destinados a ações em todo o Estado em junho, com participação das Polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros. As ações vão desde conscientização até cumprimento de mandados. O desafio maior é atuar antes que o crime aconteça”, disse.

Prevenção e fortalecimento das políticas públicas

A secretária de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), Célia Mota de Carvalho, destacou o papel essencial da assistência social como porta de entrada do Estado nas famílias.

“O CRAS é a nossa UBS na assistência. Está na base da prevenção. Precisamos fortalecer essa política que já está presente em todo o Estado”, enfatizou.

O conselheiro tutelar de Boa Vista, Marcos Guimarães, apresentou um levantamento de atendimentos no Território III, zona Oeste da capital, em 2024. Os dados revelam: 326 casos de negligência familiar; 239 de maus-tratos; 64 suspeitas de abuso sexual; 17 estupros (de vulnerável ou não); sete denúncias de exploração sexual; 261 atendimentos por conflitos familiares; 450 orientações sobre acesso a políticas públicas; 430 casos de evasão escolar ou frequência irregular; 650 solicitações relacionadas a vagas escolares.

Mais de 1.600 atendimentos envolveram crianças, representando mais da metade da demanda registrada.

“Esses números explicam a evasão escolar, o medo e o distanciamento das famílias. E isso é apenas de um território. Imaginem os dados estaduais. Muitos casos nem chegam até nós. O que aparece é só a ponta do iceberg”, alertou.

Guimarães sugeriu a criação de mais uma unidade do Conselho Tutelar para dar conta da demanda.

Atuação judicial e desafios no combate à violência contra mulheres

A juíza Suelen Alves, do 1º Juizado Especializado da Violência Doméstica e Familiar, apresentou relatório de atividades, com foco na concessão de medidas protetivas. O coordenador da Infância e Juventude do TJ-RR, juiz Josué Menezes, destacou projetos do tribunal e apontou a necessidade de qualificação nas unidades de assistência social.

O juiz da Vara de Crimes Contra Vulneráveis, Esdras Benchimol, reforçou que o problema é coletivo e exige ação conjunta.

“Estamos diante do caos. A prevenção é essencial e só será efetiva com uma rede sólida e integrada. Precisamos escolher nossas batalhas, e essa, certamente, é uma delas”, disse.

Críticas e reflexões

A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas), relatora da comissão, questionou a efetividade das medidas protetivas e criticou a atuação dos Conselhos Tutelares.

“A medida protetiva virou uma formalidade sem efeito. Ninguém fiscaliza, ninguém respeita. Os Conselhos viraram espaço político, com pessoas que sequer conhecem a realidade do que estamos debatendo aqui”, disse.

Já a vice-presidente da comissão, deputada Tayla Peres (Republicanos), destacou o impacto emocional da reunião.

“Como mulher e mãe, saio preocupada. É um problema estrutural. A pergunta é: como a Assembleia pode ajudar? Precisamos caminhar juntos, em rede”, declarou.

Ao final, a presidente Catarina Guerra reforçou a necessidade de reforçar as ações de prevenção e repressão.

“Precisamos de mecanismos legislativos que fortaleçam a rede de apoio, promovam campanhas e ofereçam orientações. O Parlamento vai buscar caminhos para ajudar a reduzir e combater a violência contra nossos vulneráveis”, concluiu.

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