O Ministério Público do Estado do Pará abriu investigação para apurar uma denúncia de possível negligência médica no Hospital Municipal de Marabá (HMM), após um bebê de apenas três meses sofrer uma parada cardiorrespiratória e correr o risco de amputar dois dedos do pé direito.
A denúncia foi feita por Sara do Nascimento Silva, mãe do pequeno Calleby Silva Sousa Guajajara. Segundo ela, o bebê deu entrada no hospital na noite do dia 28 de maio com febre e dificuldade para respirar. O diagnóstico inicial foi de bronquiolite e pneumonia. Após três sessões de inalação, sem melhora, a mãe solicitou avaliação médica na manhã seguinte, já com o exame de raio-x em mãos.
No entanto, de acordo com o relato de Sara, a médica plantonista se recusou a atender Calleby imediatamente. A profissional teria dito que só realizaria o atendimento após a conclusão de todos os exames e que outras crianças seriam priorizadas.
Por volta das 8h da manhã, ainda sem atendimento médico, o bebê sofreu uma parada cardíaca que durou aproximadamente quatro minutos. A reanimação foi feita por uma enfermeira, utilizando um espaçador e a medicação Aerolin, levados pela própria mãe na bolsa. Após o incidente, Calleby foi internado na Unidade de Cuidados Especiais do hospital, passando por três tentativas de intubação — bem-sucedida apenas na terceira.
Horas depois, na noite do dia 29, Sara foi autorizada a ver o filho e percebeu que dois dedos do pé direito estavam escurecidos. No dia seguinte, o bebê foi transferido para o Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), com apoio do Ministério Público, após a mãe procurar a 10ª Promotoria da Infância e Juventude.
Na nova unidade, médicos identificaram escoriações nos dois pés e isquemia nos dedos, possivelmente causadas pelo uso de um oxímetro de adulto, equipamento inadequado para recém-nascidos. A equipe do HRSP avalia a necessidade de amputação, mas ainda há esperança de que o tratamento consiga salvar os dedos afetados.
Atualmente, Calleby está internado na UTI Pediátrica do HRSP, sedado e sob ventilação mecânica. A mãe também registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente, além da denúncia formal ao Ministério Público, que acompanha o caso.
Até o momento, a direção do Hospital Municipal de Marabá não se pronunciou oficialmente. O espaço segue aberto para esclarecimentos.