A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3/6) que deixou o Brasil poucos dias após ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e à perda do mandato, por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, a parlamentar afirmou que está fora do país para buscar tratamento médico e que pretende pedir afastamento do cargo. “Eu queria anunciar que estou fora do Brasil. Já faz alguns dias. A princípio, buscando um tratamento médico, é um tratamento que eu já fazia aqui [sem especificar o lugar]. Vou pedir afastamento do cargo”, declarou.
Zambelli informou que está na Europa e que pretende permanecer no continente, onde tem cidadania. Ela afirmou que pretende denunciar o que considera um regime autoritário no Brasil.
“Vou me basear na Europa. Eu tenho cidadania europeia, então estou muito tranquila em relação a isso. Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do país. Não é desistir do país. Muito pelo contrário: é resistir. É voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs”, disse. A deputada acrescentou ainda que pretende fazer denúncias internacionalmente: “Vou levar isso em todos os países da Europa. Vou denunciar em todas as Cortes que a gente tiver na Europa”.
Apesar da condenação, não havia impedimentos legais para que a parlamentar deixasse o país. O STF manteve seu passaporte válido e não impôs restrições de deslocamento durante a fase recursal.
A decisão da Primeira Turma do Supremo determinou também a perda do mandato, mas essa medida ainda depende de deliberação da Câmara dos Deputados para ser efetivada. A inelegibilidade por oito anos, no entanto, já está em vigor.
A defesa da deputada recorreu da decisão, alegando cerceamento de defesa. Os advogados argumentam que não tiveram acesso completo a provas consideradas fundamentais, como cerca de 700 GB de dados armazenados na plataforma “mega.io”. No recurso, pedem que o STF reconheça a falha, conceda acesso integral aos documentos e, com base nisso, absolva a parlamentar. Também solicitaram que sejam suspensas outras consequências da condenação, como a perda de mandato.