A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) promoveu nesta quarta-feira, 22, a audiência pública “A UERR que queremos”, fruto de um requerimento do presidente da Casa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos). Entre as pautas do debate, estavam as formas de ingresso, reclamações sobre a infraestrutura e a necessidade de uma reestruturação da instituição de ensino superior.
Na semana passada, um grupo de vestibulandos procurou o Legislativo para falar sobre a Resolução nº 14, que prevê o uso da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para acessar os cursos de graduação. Após isso, Sampaio conversou com o reitor da UERR, Cláudio Delicato, para a realização da audiência pública.
Antes da audiência, deputados se manifestaram na tribuna da Casa e criticaram a decisão do Conselho Universitário. Na segunda-feira (20), as comissões de Educação e Administração ouviram o reitor para entender os efeitos práticos da resolução. Posteriormente, as comissões fizeram, por meio da Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa, uma indicação com sugestões para mudanças no documento.
Soldado Sampaio esclareceu que o objetivo da audiência pública foi alinhar as atividades da UERR com o desenvolvimento de Roraima. Ou seja, pensar nos passos futuros em paralelo com as necessidades do Estado. O presidente lamentou ainda a ausência dos secretários estaduais de Educação, Planejamento e Casa Civil e garantiu que, assim que o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2025 chegar à Casa, será discutido com a UERR o envio de recursos suplementares.
“Não dá para discutir o futuro do Estado sem discutir a UERR, sem abrir as portas para o diálogo com a Universidade Federal de Roraima [UFRR], com os Institutos Federais (IFRRs), órgãos de pesquisa e iniciativa privada. A UERR precisa estar alinhada com os Poderes. Quero pedir ao reitor e aos acadêmicos, que possamos posicionar a universidade de forma paralela com o desenvolvimento estadual, buscando parceria para se atingir esse objetivo”, declarou Sampaio.
Participaram do evento os deputados Coronel Chagas (PRTB), Armando Neto (PL), Tayla Peres (Republicanos), Joilma Teodora (Podemos), Marcinho Belota (PRTB), Catarina Guerra (União) e Aurelina Medeiros (Progressistas). Estiveram ainda os pró-reitores da UERR e representantes do corpo discente da instituição.
A estrutura da UERR
O reitor Cláudio Delicato explicou que a instituição enfrenta um grave declínio no orçamento, o que dificulta investir e executar o planejamento previsto até 2027. Segundo ele, o crescimento na folha de pessoal, gerado pelos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCRs) dos servidores, não foi acompanhado do envio de mais recursos pelo governo do Estado. Para 2024, estão previstos apenas R$ 50 mil para investimentos.
“O orçamento não cobre hoje a parte necessária para funcionamento da universidade. Nada funciona sem pessoal ou custeio executado da maneira necessária. Temos orçamento deficitário, e não estamos nem falando de investimento, apenas de pessoal e custeio. É muito ruim, quase impossível querer decidir, planejar ou executar, tendo orçamento mínimo. Esse declínio está gerando problemas para a gestão da instituição, problemas que já passamos para o Executivo, que está tentando solucionar”, revelou.
A UERR oferece atualmente 25 cursos de graduação presencial e outros 5 por meio de Educação a Distância (EaD), além de 6 especializações, 6 mestrados, sendo dois deles em rede, e 2 doutorados. Desde que foi criada, em 2005, a universidade já formou 6 mil alunos, e tem hoje 2,6 mil matriculados. Completa-se a comunidade acadêmica com 192 professores e 149 técnicos administrativos.
“O valor [gasto por aluno] da UFRR seria adequado. Se nosso orçamento fosse proporcional ao aluno, teria que ser em torno de R$ 112 milhões por ano. Como vimos os gráficos, se o orçamento fosse proporcional ao da UFRR, poderíamos pagar pessoal, custeio e ter investimento. É uma referência para se discutir a questão do orçamento. Ajustes podem ser feitos no planejamento para adequar o da universidade à realidade social e ao que queremos para a UERR, que é pública e é nossa”, esclareceu o reitor.
Cláudio Delicato enfatizou que a universidade quer melhorar as condições para ingresso e permanência dos alunos, por isso o Conselho Universitário alterou o regimento no ano passado, permitindo a muitos ingressarem por meio de análise curricular. O Enem, segundo ele, é apenas outro mecanismo para permitir que vagas remanescentes e aquelas que não são preenchidas por meio do vestibular tradicional sejam ocupadas.
“O vestibular unificado saiu do regimento em agosto do ano passado. Depois de realizados o vestibular e as matrículas para 2023, pudemos fazer um seletivo simplificado, e muita gente que não estaria assistindo às aulas hoje, está lá porque fizemos análise de currículo. Essa alternativa [do Enem] garante facilidade para preenchermos vagas remanescentes ou em cursos com pouca procura. Ampliar essa discussão na Assembleia Legislativa foi altamente benéfica para todos. A UERR é de todos nós, nada mais justo que esse debate aconteça aqui”, reforçou.
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