O movimento da oposição para tentar abrir um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou fôlego nesta semana com o anúncio de que 41 senadores já assinaram o pedido formal, número suficiente para protocolar a solicitação no Senado. A pressão agora recai sobre o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil–AP), que ainda não se manifestou sobre se dará ou não andamento ao processo, que tem motivação política e é criticado por juristas como uma tentativa de intimidação ao Judiciário.
No Pará, o cenário é dividido. Dos três senadores paraenses, apenas Zequinha Marinho (PODEMOS), nome ligado à direita conservadora, assinou o pedido de impeachment. Ele tem sido um dos principais críticos de Moraes, especialmente pelas decisões do ministro em investigações que atingem parlamentares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por outro lado, Jader Barbalho (MDB), que tem longa trajetória política e mantém influência nos bastidores de Brasília, aparece entre os senadores considerados indecisos. Até o momento, ele não confirmou nem negou apoio à proposta. A postura cautelosa reflete seu perfil mais moderado e a tentativa de evitar desgastes políticos em um tema altamente polarizado.
Já o terceiro senador paraense, Beto Faro (PT), ainda não se manifestou publicamente sobre o tema. Como integrante da base do governo Lula, a expectativa é de que não apoie o pedido, seguindo a linha do Palácio do Planalto, que tem defendido a independência entre os Poderes e rechaçado qualquer tentativa de retaliação ao Supremo Tribunal Federal.
O pedido de impeachment é liderado por parlamentares da oposição bolsonarista, que acusam Alexandre de Moraes de abuso de autoridade, especialmente pelas ações que envolvem investigações sobre fake news, atos antidemocráticos e supostos financiamentos de manifestações golpistas. A oposição alega que Moraes age de forma política, ultrapassando os limites constitucionais. Por outro lado, especialistas e ministros do STF afirmam que as decisões estão amparadas na Constituição e visam proteger a democracia diante de ataques coordenados às instituições.
Mesmo com as 41 assinaturas, a tramitação do processo depende exclusivamente da vontade do presidente do Senado, que tem o poder de arquivar ou dar andamento à proposta. Até agora, Davi Alcolumbre não deu qualquer sinal de que pretende colocar o tema em votação, o que tem gerado críticas da oposição e apoio da base governista.
O caso reacende o debate sobre os limites da atuação dos ministros do STF, a independência dos Poderes e os riscos da politização das instituições. No meio desse embate nacional, a postura dos senadores paraenses pode ter reflexos tanto no campo institucional quanto na percepção dos eleitores locais, especialmente em um momento de atenção política ampliada por conta da realização da COP-30 em Belém, em 2025.