dezembro 8, 2025
InícioParáJatene rebate investigação sobre lavagem de dinheiro e diz que inquérito tem...

Jatene rebate investigação sobre lavagem de dinheiro e diz que inquérito tem motivação política

Ex-governador do Pará afirma que investigação sobre desvio de R$ 13,5 milhões busca desgastá-lo politicamente em ano pré-eleitoral

Publicado em

O ex-governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), se pronunciou publicamente após a Justiça Estadual determinar o envio de um inquérito contra ele ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A investigação apura suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo o tucano e familiares. A decisão foi tomada pelo juiz Heyder Tavares da Silva Ferreira, da 1ª Vara Penal de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém, a partir de um pedido do Ministério Público do Pará (MPPA), que apontou a necessidade de foro por prerrogativa de função.

O inquérito, de número 00605/2021.100001-9, apura a suposta prática de 19 atos de lavagem de dinheiro, envolvendo mais de R$ 13,5 milhões, valores que teriam sido desviados do programa “Asfalto na Cidade”, executado durante o governo de Jatene entre 2013 e 2018. Além do ex-governador, também são investigados a esposa, filhos, nora e ex-genro dele.

Entre as situações apuradas, estão indícios de nepotismo direto e cruzado no governo e em órgãos públicos. A filha de Jatene, Izabela Jatene, atuou como secretária Extraordinária de Integração de Políticas Sociais; Beto Jatene, seu filho, era assessor jurídico no Ministério Público de Contas dos Municípios do Pará (MPCM-PA), com salário superior a R$ 15 mil, e sua esposa, Luciana Lopes Labad Jatene, também ocupava cargo público. A nora do ex-governador foi coordenadora do gabinete do desembargador Cláudio Montalvão, no Tribunal de Justiça do Pará, em um cargo comissionado. Já o ex-genro Ricardo Augusto Garcia de Souza, que foi casado com Izabela, atuava como chefe de gabinete do Tribunal de Contas dos Municípios.

A decisão judicial ainda determinou a quebra parcial do sigilo dos autos, resguardando apenas documentos com informações sensíveis, garantindo a publicidade do processo conforme prevê a Constituição Federal.

Histórico da investigação

As apurações são conduzidas pela Diretoria Estadual de Combate à Corrupção (Decor), da Polícia Civil, e incluem também outro inquérito, o nº 00608/2019.100018-3. Esse segundo procedimento investiga fraudes em licitações, subcontratações irregulares e desvios que podem superar R$ 70 milhões em obras de pavimentação em várias regiões do Pará. Segundo as investigações, os envolvidos teriam utilizado mecanismos sofisticados para ocultar a origem ilícita dos recursos, como a venda subvalorizada de bens e declarações fiscais falsas.

O Ministério Público, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado), defendeu que os supostos crimes foram cometidos durante o mandato de governador, o que justifica o foro especial no STJ, de acordo com o artigo 105 da Constituição.

O juiz Heyder Tavares seguiu o entendimento do STF, citando um precedente do Supremo (HC 232.627/DF), que assegura a manutenção do foro por prerrogativa mesmo após o término do mandato, quando os fatos têm relação com o exercício do cargo.

Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) analisar o caso e decidir se apresenta denúncia ou solicita novas diligências. O STJ poderá arquivar a investigação ou dar prosseguimento ao processo.

O que diz Simão Jatene

Por meio de vídeo nas redes sociais, Simão Jatene afirmou que o inquérito é uma “ação orquestrada” pela Polícia Civil para lhe causar desgaste político.

“Esse inquérito conduzido pela Polícia Civil sob o comando do governo do Estado não tem nenhuma base. É mais uma tentativa absurda e grosseira desse grupo político no poder de tentar manchar minha história e desqualificar minha trajetória diante da população paraense”, declarou.

Ele também destacou que, mesmo após três mandatos como governador e quase oito anos fora do cargo, mantém o mesmo padrão de vida:

“Eu não tenho fazenda, não tenho gado, não tenho avião, não tenho rádio, nem televisão. Mas eu tenho honra e o respeito da população. Continuo dirigindo meu carro e indo ao supermercado.”

Jatene afirmou que a investigação tem claro objetivo de criar obstáculos para uma possível candidatura nas eleições de 2026 e que, segundo ele, os erros do inquérito “não se sustentam juridicamente”.

spot_img

Últimos Artigos

Assembleia de Deus do Amazonas anuncia sorteio de carros e motos com deputados e vereadores no cartaz

O deputado federal Silas Câmara e os vereadores Roberto Sabino, Mitoso e Joelson Silva,...

GMP desmonta esquema de estelionato com moradias em Palmas

A Guarda Metropolitana de Palmas (GMP) deteve, na manhã de sexta-feira (5), seis suspeitos...

Deputado Ezequiel Neiva é condenado por improbidade e fica inelegível por 8 anos em Rondônia

O deputado estadual Ezequiel Neiva (União Brasil) foi condenado por atos de improbidade administrativa...

“Levante Mulheres Vivas” ocupa ruas por mais segurança e orçamento contra feminicídio

O ato Levante Mulheres Vivas, realizado em diversas capitais do país, ocorreu neste domingo...

Mais como este

Assembleia de Deus do Amazonas anuncia sorteio de carros e motos com deputados e vereadores no cartaz

O deputado federal Silas Câmara e os vereadores Roberto Sabino, Mitoso e Joelson Silva,...

GMP desmonta esquema de estelionato com moradias em Palmas

A Guarda Metropolitana de Palmas (GMP) deteve, na manhã de sexta-feira (5), seis suspeitos...

Deputado Ezequiel Neiva é condenado por improbidade e fica inelegível por 8 anos em Rondônia

O deputado estadual Ezequiel Neiva (União Brasil) foi condenado por atos de improbidade administrativa...