Uma investigação criminal que já movimentava os bastidores políticos do Pará ganhou repercussão nacional após reportagem publicada pela revista Veja. A matéria revelou que o vice-prefeito de Ananindeua, Hugo Atayde (PSB), e o prefeito Dr. Daniel Santos, presidente estadual do PSB, são investigados pelo Ministério Público do Pará sob acusação de integrarem um grupo de extermínio formado por policiais militares.
De acordo com o MP, Atayde é réu por tortura e associação criminosa em um caso que envolve o sequestro e agressão de um jovem de 23 anos, em 2019. O rapaz foi acusado de furtar a casa do então vereador Atayde e, após ser libertado, foi executado a tiros no mesmo dia. As investigações apontam que o crime foi cometido com munição da Polícia Militar e o corpo transportado em um veículo oficial, que já teria sido usado em outras execuções.
O prefeito Dr. Daniel Santos também aparece no caso, uma vez que parte dos policiais envolvidos integrava seu gabinete na época em que ele presidia a Assembleia Legislativa do Pará. Além disso, Daniel é investigado por suspeita de desvio de aproximadamente R$ 261 milhões em contratos superfaturados no Hospital Santa Maria de Ananindeua, do qual foi sócio. Esse segundo inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Tribunal do Júri rejeitou a denúncia de homicídio contra Atayde, mas manteve o processo pelos crimes de tortura e associação criminosa. Mesmo assim, ele ascendeu a cargos de confiança na gestão de Dr. Daniel e foi eleito vice-prefeito em 2020. Em sua defesa, Atayde afirma que não há provas contra ele e nega participação em crimes.
A Prefeitura de Ananindeua limitou-se a informar que não há indiciamento contra o prefeito e que a acusação de homicídio contra Atayde já foi arquivada pela Justiça, sem comentar as demais investigações em curso.