Enquanto o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr. (PSD), cumpre uma agenda estratégica no Pará para estreitar laços com opositores de Helder Barbalho (MDB), seu pai, o apresentador Ratinho, também entra em cena, mas pelo caminho da opinião pública: em rede nacional, criticou a escolha de Belém como sede da COP30 e disparou contra a infraestrutura da capital paraense, afirmando que a cidade “não tem estrutura” para receber um evento internacional desse porte. O que se vê, portanto, é um alinhamento familiar na inclinação contrária ao atual governo, ainda que cada um com seu tom e seu público.
Ratinho Jr. esteve em três municípios — Ananindeua, Santarém e Marabá — no último fim de semana, em uma movimentação interpretada como início de articulação eleitoral com vistas à disputa presidencial de 2026. Em Ananindeua, foi recebido pelo prefeito Daniel Santos (PSB), um dos principais nomes da oposição local, que o saudou como exemplo de gestor público. Em Santarém, o governador encontrou-se com lideranças do Podemos, como o pastor Everaldo, e também passou por Marabá, fortalecendo laços com prefeitos e vereadores da região. A ausência de qualquer gesto em direção ao governador Helder reforça o tom oposicionista da visita.
Ao mesmo tempo, o apresentador Ratinho — Carlos Massa, pai do governador — reacendeu a polêmica sobre a realização da COP30 em Belém. Em seu programa, ironizou a cidade e afirmou que a capital paraense “não é essa maravilha toda” e “não está preparada” para sediar um evento de tamanha proporção. Após repercussão negativa, tentou recuar, dizendo apoiar a COP30, mas manteve o tom crítico ao ressaltar o que considera problemas estruturais graves da cidade. Sua fala foi celebrada por opositores do governo estadual e vista por aliados como um “tiro calculado”.
A coincidência dos movimentos — um institucional e o outro midiático — não passou despercebida no meio político. De um lado, Ratinho Jr. busca consolidar-se como nome da direita moderada para as eleições presidenciais, dialogando com setores conservadores e gestores que se opõem à aliança entre Lula e Helder. Do outro, o pai, figura popular no rádio e na TV, reforça esse campo opositor com uma comunicação direta e provocadora, que ecoa entre eleitores mais insatisfeitos com o governo federal e estadual.
A dobradinha, ainda que informal, reposiciona o clã Massa no xadrez político nacional: o filho pavimenta o caminho com alianças e discursos centrados em gestão; o pai alimenta o debate público com críticas incisivas e provocações que colocam em xeque decisões estratégicas do governo, como a própria realização da COP30 em Belém.