A instalação de sistemas de irrigação por energia solar transformou a produção agrícola na comunidade indígena Serra da Moça, em Boa Vista. Antes dependentes das chuvas, os agricultores agora cultivam o ano inteiro, garantindo maior oferta de alimentos e autonomia econômica. A iniciativa faz parte do apoio técnico oferecido pela Prefeitura de Boa Vista, que busca modernizar a produção sem comprometer as tradições culturais.
O vice-tuxaua da Serra da Moça, Lailton André, destaca a mudança radical que a irrigação trouxe para a comunidade.
“Com a irrigação, as coisas melhoraram muito. Antes, a gente produzia pouco e em pequena quantidade porque dependíamos das chuvas, ou seja, a plantação ocorreria apenas no inverno e no pé da serra. Hoje, a nossa realidade é completamente diferente, pois produzimos o ano todo e em uma área perto de casa”, afirmou.
Irrigação garante maior produtividade
A possibilidade de manter a lavoura ativa durante todo o ano permitiu que os agricultores ampliassem a produção e explorassem novos cultivos. Além da mandioca, a comunidade já colheu melancia, macaxeira, abóbora, maxixe e feijão, garantindo maior diversidade alimentar e oportunidades de comercialização.
O agricultor Justino Carlos, que trabalha na lavoura desde a infância, ressaltou o impacto do novo sistema.
“Se não fosse o apoio da Prefeitura de Boa Vista, a gente teria pouca coisinha, não tinha como desenvolver, porque não tinha água. Então, a gente agradece que estão sempre ajudando. Recebemos a fotovoltaica e teve uma diferença muito grande para plantar, porque no verão ela é molhada”, disse.
Apoio técnico e valorização da cultura indígena
Além da infraestrutura, a prefeitura oferece suporte técnico aos produtores, incentivando práticas agrícolas eficientes e ajustadas às demandas do mercado. O secretário de Agricultura e Assuntos Indígenas, Guilherme Adjuto, reforça a importância desse acompanhamento.
“Nas comunidades indígenas, a gente fomenta todas as etapas de produção, desde o plantio, fornecimento de insumos e assistência técnica. Nós direcionamos e incentivamos a produzirem aquilo que o mercado está pedindo, respeitando a cultura e suas particularidades”, explicou.
Tradição e aprendizado para novas gerações
O impacto da irrigação também se reflete na educação. Escolas indígenas levam alunos às lavouras como parte das atividades pedagógicas, garantindo que os conhecimentos agrícolas sejam transmitidos às novas gerações.
“A gente sempre vem até aqui com a professora. É muito divertido porque encontramos as pessoas trabalhando e conseguimos ver tudo o que tem na roça. É bem interessante”, contou Stven Eler, de 10 anos, aluno do 4º ano do ensino fundamental.