Embora o governador Antonio Denarium (PP) tenha ao menos 22 deputados aliados na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), a lealdade e o apoio efetivo de alguns desses parlamentares têm se mostrado cada vez mais frágeis e sem expressividade, especialmente com o avanço dos processos de cassação de seu mandato, na derrubada de vetos e silêncio em casos de acusações públicas graves contra o chefe do Executivo Estadual.
Defesas públicas
Apesar de uma base numerosa, as defesas públicas ao governador são raras e limitadas a poucos parlamentares. O deputado Coronel Chagas (PRTB), líder da bancada governista, tem se destacado como um dos principais defensores do governador em momentos críticos.
Em 28 de maio, durante uma sessão na ALE-RR, Chagas defendeu Denarium contra comparações feitas pelo deputado Jorge Everton (União Brasil) entre o governador e Pablo Escobar, após a prisão de dois sobrinhos de Denarium. Chagas enfatizou que o governo não interfere em operações policiais e destacou a integridade da administração ao afirmar que as operações ocorrem sem ingerência política.
Outra defesa significativa ocorreu em 13 de agosto, quando seria analisado um recurso contra a cassação do mandato de Denarium no TSE. Chagas criticou as tentativas de cassação do governador, classificando-as como manobras da oposição para reverter a vontade popular expressa nas urnas. Ele elogiou os investimentos do governo em segurança, saúde e educação, afirmando que “Roraima está no caminho certo.”
Além de Chagas, outros quatro deputados também se manifestaram em defesa de Denarium no mesmo dia. Marcelo Cabral (Cidadania) e Aurelina Medeiros (PP) elogiaram o governador por promover o crescimento econômico e atrair investimentos para o estado.
Marcos Jorge (Republicanos) destacou os avanços econômicos sob a administração de Denarium. Lucas Souza (PL) focou nos investimentos em políticas para a juventude. Já Renato Silva (Podemos) mencionou que as disputas jurídicas em torno do governador atrapalham acordos importantes. O restante da base aliada se manteve silenciosa.
Outro ponto que chama a atenção é o avanço da comissão para apurar supostos crimes de responsabilidade do governador no comando do Executivo Estadual, isso porque outros sete pedidos de impeachment sequer geraram qualquer efeito na Casa Legislativa e foram arquivados, jamais sendo contestados por nenhum dos parlamentares.
Denúncia de ameaça
Um dos parlamentares classificado como um aliado, mas nem tanto, é o deputado Dr. Cláudio Cirurgião (União Brasil). Na terça-feira, dia 4, ele relatou ter recebido ameaças após discordar de uma suposta manobra para incluir a deputada Catarina Guerra na comissão de impeachment contra Denarium.
Apesar de relatar ter sido ameaçado, o parlamentar não revelou o teor da ameaça nem apresentou quaisquer provas de que a situação realmente ocorreu.
Apoio nas redes sociais
Nas redes sociais, muitos deputados da base aliada ainda mantêm postagens ao lado de Denarium. No entanto, uma análise mais detalhada revela que essas imagens frequentemente datam de eventos passados, sugerindo um afastamento gradativo.
Derrubada de vetos e falta de apoio
Nos últimos meses, a lealdade desses aliados tem se mostrado cada vez mais questionável nas votações da Casa Legislativa. Vetos do governador têm sido derrubados com frequência, com apoio de deputados considerados aliados.
Dois episódios recentes ilustram essa situação. Em 12 de dezembro de 2023, o plenário da ALE rejeitou três vetos do governador. Com 22 votos, derrubou-se o veto total ao PL nº 050/2023, que obriga a inclusão de leitos psiquiátricos em hospitais novos ou reformados.
Na mesma sessão, por 20 votos, rejeitou-se o veto ao PL nº 49/2023, sobre rastreamento genético para câncer, e com 22 votos, também foi derrubado o veto parcial ao PL nº 264/2023, que trata da regularização fundiária no Distrito Industrial.
Já em 10 de abril deste ano, a ALE-RR rejeitou três dos quatro vetos apresentados por Denarium. Com 18 votos, derrubou-se o veto ao PL nº 215/2023, que inclui o secretário da Justiça no Conselho Gestor do FESP/RR. Por 18 votos, rejeitou-se o veto ao PL nº 123/2023, sobre o Estatuto do Portador de Diabetes. Por fim, com 17 votos, foi derrubado o veto ao PL nº 246/2023, que trata do diagnóstico do pé torto congênito.