Passados cinco dias da ação da Polícia Federal que prendeu um empresário e dois servidores municipais em esquema de propina, o prefeito de Bonfim, Joner Chagas (Republicanos), permanece em completo silêncio e, nas redes sociais, mantém os perfis atualizados com ‘memes’ enquanto a gestão municipal é alvo de busca e apreensão de documentos na investigação que apura corrupção.
O prefeito mantém completo silêncio sobre a prisão do seu motorista, Aluízio Rodrigues de Menezes, e do presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL), Cirilo Francis de King Campos Júnior. Eles foram presos pela Polícia Federal na sexta-feira, 26, durante a operação que apreendeu R$ 460 mil em espécie, em Boa Vista.
Nos últimos dias, o prefeito também dedicou tempo a fazer campanha e parabenizar Wagner Nunes, do mesmo partido, eleito prefeito de Alto Alegre. Além disso, Chagas tem se mantido calado sobre o esquema de corrupção.
Além da operação na sexta, a sede da Prefeitura de Bonfim recebeu uma ‘visita’ de agentes da Polícia Federal nesta segunda-feira, 29. Os policiais cumpriram mandados de buscas e apreensão no Executivo Municipal.
O caso
As investigações iniciaram após a Polícia Federal receber denúncias sobre o esquema de pagamento de propina. O repasse da propina seria referente ao contrato de R$ 2,5 milhões que a empresa João de Barro Comércio e Serviços – ME ganhou da Prefeitura de Bonfim. O contrato foi para custear os Festejos de Bonfim.
Conforme denúncia, Cleber da Costa Gonçalves, irmão do dono da empresa, faria saques expressivos ao longo da semana passada para pagar a propina. Ao longo dos últimos dias, a empresa recebeu cerca de R$ 1,6 milhão do contrato de R$ 2,5 milhões.
Após confirmar a denúncia, os agentes federais iniciaram diligências e constaram que na última terça-feira, 23, foram sacados aproximadamente R$ 500 mil. Além disso, outro saque de R$ 480 mil foi realizado na quinta-feira, 25. “Sacaram, juntos, Cleber da Costa Gonçalves e o presidente da CPL, Cirilo Francis de King Campos Júnior”, descreve.
Na quinta-feira, após o saque, saíram juntos da agência do Banco do Brasil, na Avenida Ville Roy, no carro de Cleber. “Cirilo foi deixado por Cleber em algum lugar desta cidade, tendo este último retornado para casa sozinho um tempo depois. Não foi possível efetuar a prisão em flagrante deles no dia de ontem porque a equipe policial os perdeu de vista”.
Prisão
Contudo, na tarde de sexta, Cleber e Cirilo novamente sacaram, em outra agência do Banco do Brasil, mais R$ 420 mil. Conforme o documento, Cleber saiu da agência e Cirilo ficou, quando foi abordado pelos policiais federais dentro da agência com uma mochila marrom com todo o montante sacado.
Os agentes perceberam, então, que Cirilo esperava por alguém. Ao ser questionado, Cirilo revelou que aguardava por uma caminhonete para fazer a entrega dos quase meio milhão. O veículo era conduzido por Aluízio Rodrigues de Menezes, que se identificou como servidor público concursado, exercendo cargo de motorista do prefeito Joner Chagas.
Quase R$ 100 milhões
Conforme levantamento do Portal O FATO com base em dados publicados no Portal da Transparência da Prefeitura de Bonfim, a empresa João de Barro tem pelo menos 56 contratos com a gestão de Joner Chagas. Os contratos ultrapassam R$ 93 milhões.
Contudo, o montante pode ser ainda maior, haja vista que o Portal da Transparência apresenta inconsistência a partir de determinada página de buscas.
Denunciado
Joner Chagas foi denunciado à Justiça Federal em junho de 2022 por suspeita de fraudes em licitações e desvios de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Além dele, outras seis pessoas, entre agentes públicos e empresários ligados a ele, também foram denunciados. A acusação é do Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR).
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