A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quinta-feira (18/7), mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizada no Jardim Botânico, e também em seu escritório político na sede nacional do Partido Liberal (PL), em Brasília. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Petição 14129, que investiga supostas articulações para um golpe de Estado durante e após o período eleitoral de 2022.
Segundo informações iniciais, Bolsonaro estava em casa no momento da chegada dos agentes federais. Até o fechamento desta matéria, o ex-presidente e sua defesa ainda não haviam se manifestado publicamente sobre a operação. De acordo com fontes próximas ao ex-mandatário, a operação foi recebida com surpresa, embora já houvesse expectativa de novos desdobramentos dentro das investigações conduzidas pelo STF.
Além das buscas, a decisão judicial impõe medidas cautelares ao ex-presidente, entre elas a utilização de tornozeleira eletrônica. A medida foi determinada diante do receio de que Bolsonaro pudesse tentar deixar o país ou buscar asilo político no exterior, especialmente nos Estados Unidos, onde mantém apoio entre parte da comunidade brasileira e do cenário político conservador.
A ação faz parte de uma sequência de operações da PF que investigam a atuação de Bolsonaro e de seu entorno político e militar em episódios que vão desde a tentativa de invalidar o resultado das eleições de 2022 até o planejamento de medidas antidemocráticas dentro do Palácio do Planalto. Essa nova ofensiva tem relação direta com os desdobramentos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro, e com a Operação Contragolpe, que trouxe à tona documentos e minutas de decretação de Estado de Defesa e Estado de Sítio, além de gravações envolvendo ex-auxiliares como Mauro Cid.
O avanço das investigações ocorre em um momento em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) já finaliza os autos de acusações formais contra Bolsonaro. Além disso, há expectativa de que novas medidas cautelares sejam pedidas contra outros aliados do ex-presidente, incluindo políticos e militares da reserva que atuaram em seu entorno nos últimos anos.
A operação de hoje amplia a pressão jurídica e política sobre Jair Bolsonaro, que já é inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e enfrenta outras ações penais, como o caso dos cartões de vacinação adulterados. Internamente, o PL ainda avalia os efeitos da operação sobre sua imagem institucional e sobre a pré-campanha de aliados que pretendem disputar cargos municipais em 2026.
Nos bastidores de Brasília, aliados do presidente Lula avaliam que a ação da PF marca uma nova fase no processo de responsabilização dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e pode impactar diretamente a militância bolsonarista, que ainda organiza manifestações em defesa do ex-presidente nas redes sociais.
Com o aprofundamento das investigações, cresce a expectativa de que Bolsonaro venha a ser formalmente denunciado nos próximos meses. A defesa do ex-presidente tem reiterado que ele não cometeu qualquer ilegalidade e que as ações judiciais têm viés político. A PF e o STF, no entanto, sustentam que há indícios consistentes de que o ex-mandatário tentou interferir nas eleições e articular uma ruptura institucional.