Com posição estratégica na fronteira com a Venezuela, Roraima se tornou o principal destino de entrada de migrantes internacionais no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e analisado pela Seplan (Secretaria de Planejamento e Orçamento), 12,75% da população residente no Estado é formada por estrangeiros — o maior percentual do país. O levantamento confirma o que já era visível nas ruas, nos serviços públicos e na dinâmica social do Estado: Roraima concentra 8% da população migrante internacional do Brasil, mesmo representando apenas 0,3% da população nacional.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (27), com a presença da superintendência do IBGE, além de representantes da OIM (Agência da ONU para as Migrações), da Acnur (Agência da ONU para Refugiados) e da Operação Acolhida, o Governo de Roraima apresentou os dados que mostram que 81.181 migrantes internacionais, estrangeiros e naturalizados, residiam no Estado em 2022. Em números absolutos, Roraima aparece na quarta colocação nacional, atrás apenas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O informativo completo está disponível na página da Seplan.
Vice-governador reforça necessidade de apoio da União
O vice-governador Edilson Damião destacou que o volume de migrantes reforça a necessidade de atenção especial da União. “Roraima tem se mostrado um exemplo de resiliência e solidariedade diante de um dos maiores fluxos migratórios da América do Sul. Nosso povo acolheu, e o Governo está fazendo sua parte para garantir dignidade a quem chega, mas é preciso ampliar o apoio federal para enfrentar os desafios impostos por esse cenário”, afirmou.
Edilson lembrou que, devido ao impacto direto da migração nos serviços públicos, o Estado moveu, em 2019, uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para solicitar o ressarcimento da União pelos custos relacionados à imigração. “A ação ainda está em tramitação. Já tivemos algumas decisões positivas, mas, graças ao trabalho sério e ao crescimento econômico que Roraima vem experimentando, conseguimos manter nossas políticas públicas assistidas, desde a saúde e educação até a assistência social”, disse.
Segundo IBGE, venezuelanos representam quase toda a população migrante
O levantamento do IBGE mostra que 98,24% dos migrantes internacionais que chegaram ao Estado entre 2017 e 2022 são venezuelanos, o que reforça o papel de Roraima como porta de entrada de quem foge da crise social, econômica e política no país vizinho. Boa Vista e Pacaraima concentram as maiores populações migrantes, sendo que Pacaraima lidera o ranking nacional proporcional, com 36,31% de seus moradores estrangeiros.
Perfil é jovem e economicamente ativo
A pirâmide etária dos migrantes em Roraima mostra um perfil majoritariamente composto por jovens de 20 a 39 anos, com leve predominância feminina. Para o superintendente do IBGE no Estado, Welisson Cordeiro, o Censo 2022 oferece uma fotografia precisa da realidade migratória. “A análise desses dados permite entender não apenas o volume, mas também o perfil e os impactos sociais da migração, além de orientar políticas públicas e ações de integração”, afirmou.
Migração interna também cresce
Além do fluxo internacional, o Censo 2022 também identificou um crescimento de 3,16% na migração interna para Roraima entre 2010 e 2022. Os principais emissores de migrantes nacionais continuam sendo Amazonas, Pará e Maranhão. A Seplan aponta que essa movimentação é motivada por fatores como oportunidades de trabalho, expansão urbana e dinâmicas familiares.
“Estamos atentos também ao movimento migratório interno. Roraima vem se consolidando como um novo polo de oportunidades na Região Norte, o que exige preparo do poder público e investimentos planejados”, reforçou o secretário adjunto da Seplan, Fábio Martinez.