A programação do evento “Empreendedorismo Verde: ser sustentável também dá lucro”, que teve início nesta quarta-feira (4), no Sebrae Ataíde Teive, mostrou o potencial da sustentabilidade para a geração de negócios rentáveis. Integrando o contexto do Amazontech 2025, o evento oferece oficinas, palestras e rodas de conversa, com destaque para as discussões sobre bioeconomia e financiamento verde. O encerramento do primeiro dia trouxe palestras de peso que abordaram as tendências de mercado e apresentaram um case de sucesso inspirador.

Os participantes puderam descobrir como negócios sustentáveis podem ser rentáveis com a palestra de Angelo Vieira, ex-consultor nacional do Sebrae, que hoje atua na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Em seguida, a teoria ganhou vida com a apresentação do case de sucesso da engenheira agrônoma Vera Lucy, da comunidade indígena Kauwê, que conquistou o mercado com suas jujubas de cupuaçu.

Angelo Vieira desmistificou o conceito de sustentabilidade, expandindo-o para além da esfera ambiental.

“Existem alguns pontos importantes sobre essa conexão entre a sustentabilidade que de fato gera lucro. Primeiro, há uma desmistificação do que é sustentabilidade, que as pessoas sempre atrelam ao meio ambiente, e falta muito conhecimento para empresários e executivos, principalmente das médias e pequenas empresas. Negócios sustentáveis são muito mais do que simplesmente engajados ambientalmente. Essa conexão com o futuro, com aspectos de inovação frugal – que é fazer com o que temos em mãos – e dados importantes sobre como as novas gerações se comportam em relação a novos hábitos de consumo, a essas novas formas de viver em sociedade, demonstra que as empresas precisarão se adaptar não só no futuro, mas no presente”, explicou.

Ele também destacou a corrida pela eficiência energética e por um mundo mais saudável social e economicamente, aliada à inovação tecnológica, inteligência artificial e Internet das Coisas. Para ele, essa relação complexa, porém estimulante, aponta para a emergência de novas empresas, mercados e consumidores.

Complementando a perspectiva de mercado, Vera Lucy compartilhou sua surpreendente jornada empreendedora.

“Foi muito surpreendente para mim, pois não tinha ideia do tamanho que meu negócio alcançaria. Acredito que ainda há muito para crescer, porque, embora as jujubas de cupuaçu cheguem a outros estados do Brasil e até países como Japão e Estados Unidos, sinto que meu negócio ainda é pequeno, devido às limitações de comercialização pela legislação no nosso estado. Minha participação e interação com o Sebrae têm aberto muitas portas, com missões para fora do estado. Ainda não cresci mais por conta da legislação, pelo fato de meu negócio estar dentro de uma comunidade indígena”, relatou Vera Lucy.

A empreendedora enfatizou a relação intrínseca de seu trabalho com a natureza e a desmistificação de preconceitos.

“É tudo do jeito que a natureza nos oferece. Temos uma grande parceria com ela. As jujubas de cupuaçu, por exemplo, chegam a outros estados do Brasil e até outros países como Japão e Estados Unidos. Queremos quebrar aquele misticismo de que o indígena é preguiçoso. É falta de oportunidade, apenas. Quando adquirimos conhecimento, vamos nos descobrindo e vemos que podemos sim produzir alimentos de qualidade dentro da comunidade”, concluiu Vera Lucy.

Glicéria Lopes, analista do Sebrae Roraima e coordenadora do evento, reforçou o compromisso da instituição em promover o empreendedorismo sustentável.

“As falas de Ângelo e Vera Lucy se complementam. Enquanto Ângelo nos mostra a amplitude e a rentabilidade que a sustentabilidade pode oferecer no mercado, a Vera nos mostra na prática que, com conhecimento e oportunidade, é possível transformar a tradição em um negócio de sucesso. O Sebrae tem o compromisso de ser essa ponte, de capacitar, orientar e dar as ferramentas necessárias para que mais empreendedores de Roraima possam trilhar esse caminho verde, gerando lucro e impacto positivo”, destacou.

Além das oficinas de artesanato com fibra de buriti, o evento contou com orientação sobre crédito, com a participação do Banco da Amazônia. O gerente Luiz Otávio, da Agência Boa Vista do Banco da Amazônia, explicou as linhas de “Crédito Verde”, demonstrando como o financiamento pode impulsionar negócios que priorizam a sustentabilidade, tanto na agricultura quanto no comércio, indústria e serviços.

A programação do “Empreendedorismo Verde: Ser Sustentável Também Dá Lucro” segue nesta quinta-feira (5), a partir das 17h, no Sebrae Airton Dias, com palestras sobre o poder da compostagem e rodas de conversa sustentável com empreendedores verdes.

Sobre o Amazontech 2025

Criado pelo Sebrae, o Amazontech se consolidou ao longo de mais de duas décadas como um espaço de articulação entre conhecimento científico e tradicional, promovendo soluções que aliam ciência, tecnologia e empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O programa é estruturado em três diretrizes principais: desenvolvimento regional sustentável com inclusão e diversidade, internacionalização e inovação e colaboração por meio de parcerias estratégicas.

A edição deste ano terá como foco o fortalecimento da bioeconomia, a adoção de tecnologias limpas, o estímulo ao empreendedorismo sustentável e a valorização dos saberes tradicionais. A programação do evento incluirá exposições de produtos e serviços sustentáveis, rodadas de negócios, seminários temáticos e hackathons, promovendo um ambiente de troca de experiências e desenvolvimento de soluções para desafios ambientais e sociais da região. O evento principal do Amazontech 2025 deve acontecer de 4 a 6 de setembro.