O corretor de imóveis Maurício Azevedo classificou o Plano Diretor de Belém como uma “aberração” e defendeu publicamente sua revisão. Em um vídeo divulgado nas redes sociais no início da semana, ele argumentou que a flexibilização das normas urbanísticas beneficiaria o setor imobiliário e impulsionaria o desenvolvimento da capital paraense.
“Precisamos mudar esse Plano Diretor de Belém, que é uma aberração”, afirmou Azevedo. Ele comparou a cidade com Fortaleza, mencionando a construção de um prédio de 50 andares com elevador SkyDrive. “Fortaleza hoje é o maior parque hoteleiro do Nordeste, graças às oligarquias, ao empresariado local, às famílias tradicionais de Fortaleza, que fomentam o mercado imobiliário”, declarou.
O corretor criticou as restrições ambientais na cidade e questionou a diferença de tratamento entre empreendimentos privados e comunidades tradicionais. “Quer dizer que as incorporadoras não podem contemplar a natureza, mas a Vila da Barca pode?”, indagou.
Azevedo também defendeu a atuação do empresariado no setor. “Vamos deixar o empresariado trabalhar, deixa a Beta trabalhar, a construção civil, as incorporadoras”, afirmou.
Ele reforçou o apelo ao prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), cobrando mudanças na legislação. “Apostamos a ficha em você, a classe dos corretores de imóveis pede, pelo amor de Deus, para você mudar o Plano Diretor de Belém, que é uma aberração”, declarou.
Reportagem denuncia esquema
As declarações de Azevedo ocorrem depois da publicação de reportagens do portal QB News Brasil, que investigam a relação entre a compra de carros elétricos BYD por vereadores e a possível influência de empresários na revisão do Plano Diretor.
Segundo as reportagens, a empresária Beta Mutran, proprietária de uma concessionária e de terrenos na área central da cidade, teria financiado os veículos como forma de obter apoio político para mudanças na legislação urbanística.
O caso envolve nomes como Augusto Santos (Republicanos), cujo assessor aparece como dono de um carro de mais de R$ 200 mil, e Marcos Xavier (Republicanos), acusado de intimidar jornalistas. A apuração sugere um elo entre o caso dos veículos e a revisão do Plano Diretor, citando a empresária Beta Mutran, ligada ao setor imobiliário, e à concessionária BYD.
Vereadora questiona transparência na revisão do Plano Diretor
O Plano Diretor de Belém também foi assunto na Câmara Municipal, onde a vereadora Ágatha Barra (PL), sobrinha de Éder Mauro (PL), questionou a transparência na revisão do projeto e levantou suspeitas sobre a influência de interesses privados nas decisões urbanísticas da cidade. Segundo ela, há indícios de lobby do setor imobiliário para viabilizar construções em áreas valorizadas da capital paraense.
A parlamentar afirmou que “a atualização do Plano Diretor não pode ser usada como moeda de troca para atender interesses particulares” e cobrou um posicionamento do prefeito Igor Normando (MDB) sobre o tema.
Câmara afirma que acusações são inverídicas
A Câmara Municipal de Belém negou qualquer envolvimento do presidente da Casa, vereador John Wayne (MDB), com as denúncias e classificou as acusações como “inverídicas”. Em nota, afirmou que mantém altos padrões de transparência e que informações falsas podem levar a responsabilizações legais. Enquanto isso, o portal QB News manteve suas publicações e anunciou que encaminhará as denúncias ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
Veja o vídeo:
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