Um mês antes da operação da Polícia Federal que apontou o ex-prefeito Joner Chagas (Republicanos) como articulador de um esquema de desvio de recursos públicos, a Prefeitura de Bonfim firmou um contrato de R$ 41,9 milhões com a Construtora Prosolo Ltda.
O acordo, homologado em 2 de setembro, prevê serviços de manutenção e conservação de estradas vicinais e foi assinado já na gestão do atual prefeito Romualdo Feitosa (Republicanos), aliado político de Joner.
TCE suspendeu contrato por falhas na licitação
No dia 15 de outubro, o Tribunal de Contas de Roraima (TCERR) suspendeu o contrato de R$ 41,9 milhões entre a Prefeitura de Bonfim e a Construtora Prosolo, após constatar falhas graves na licitação e na execução das obras. Segundo a decisão, o processo usou pregão presencial sem justificativa, não apresentou estudo técnico nem planilhas detalhadas de custos, e classificou de forma errada o serviço como “comum de engenharia”, mesmo envolvendo obras complexas em estradas vicinais.
O Tribunal também apontou diferença injustificada nos valores e a falta de cláusulas obrigatórias, como garantias e regras de medição. Diante das irregularidades, determinou a suspensão imediata dos pagamentos e ordens de serviço até o fim da auditoria. A decisão foi publicada em 15 de outubro e será analisada pelo Pleno do TCE.
Contrato anterior alvo da PF
A Prosolo já havia firmado contrato anterior com a prefeitura em 2024, durante a gestão de Joner Chagas, no valor de R$ 8,38 milhões, também para serviços de manutenção de vicinais. Segundo relatório da Polícia Federal, foi justamente desse contrato que se originaram os R$ 510 mil em espécie apreendidos durante a operação, valor apontado como resultado de medições fraudulentas e desvio de verbas públicas.
As investigações apontam que Joner mantinha contato direto com a empresária Mariângela Moletta, sócia da Prosolo, com quem combinava o valor das medições e a liberação de pagamentos. As conversas via WhatsApp, interceptadas pela PF, mostram que ele definia de forma arbitrária o número de quilômetros executados, sem correspondência com o que havia sido realmente feito, o que caracterizava fraude.
Pagamentos via PIX
Segundo o relatório, os diálogos revelam também que Joner orientava repasses de dinheiro e transferências bancárias. Minutos antes do flagrante, ele teria autorizado três transferências — de R$ 37,6 mil, R$ 35 mil e R$ 10 mil — para Mariângela, parte delas encaminhada via PIX à filha do pregoeiro municipal, Wendry Rayka Amorim King, filha de Cirilo Francis de King e Campos Júnior, apontado como peça-chave para viabilizar a contratação da Prosolo.
A PF destacou ainda que a empresa funcionava em uma casa comum, sem estrutura física, maquinário ou frota compatível com contratos de grande porte, reforçando a suspeita de que atuava como empresa de fachada para movimentar recursos públicos desviados.
Flagrante e prisões
O flagrante que levou às prisões ocorreu no dia 30 de setembro. Mariângela, sua filha Juliana Moletta Nascimento e Emiliano Natal do Nascimento foram monitorados por câmeras em uma agência do Banco do Brasil, em Boa Vista, realizando saques sucessivos de grandes valores. Eles foram abordados por policiais federais logo após deixarem o local, sendo presos em flagrante com R$ 510,2 mil em espécie.
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