Marituba é a única cidade do Pará que aparece na lista das 20 mais violentas do Brasil em 2024. O dado consta no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quarta-feira (24), que apontou o município com uma taxa de 58,8 mortes violentas intencionais (MVI) por 100 mil habitantes — a 15ª mais alta do país. O ranking considera homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.
A cidade paraense aparece ao lado de municípios nordestinos como Maranguape (CE), Jequié (BA) e Juazeiro (BA), que lideram a lista com taxas acima de 70 mortes por 100 mil habitantes. No Pará, cidades como Belém, Ananindeua, Marabá e Altamira, que já figuraram em rankings anteriores, ficaram de fora da lista este ano.
Intervenções policiais impactam índice
Segundo o secretário de Segurança Pública do Pará, Ualame Machado, a alta taxa registrada em Marituba é influenciada principalmente pelas chamadas mortes por intervenção policial, aquelas ocorridas durante operações e abordagens realizadas por agentes do Estado. “Essas mortes, mesmo não sendo classificadas como homicídios dolosos, entram na conta geral do MVI e acabam distorcendo a realidade da violência urbana”, afirmou em entrevista recente.
O secretário ainda ressaltou que o município tem recebido reforço no policiamento ostensivo e em políticas de inteligência. Apesar disso, o dado acende um alerta para a atuação policial na região e reacende o debate sobre o uso da força nas periferias da Grande Belém.
Estado do Pará está entre os dez mais violentos
No recorte por estados, o Pará ocupa a 8ª colocação nacional em taxa de mortes violentas intencionais, com média de 25,8 casos por 100 mil habitantes. A lista é liderada por Amapá, Bahia e Ceará. Mesmo com redução em outros municípios, a permanência de Marituba no ranking mostra que ainda há regiões críticas onde a violência — especialmente a letalidade policial — persiste como problema estrutural.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Marituba e com a Polícia Militar do Pará para comentar os dados, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.