Belém encerrou o primeiro semestre de 2025 com os aluguéis residenciais mais caros entre as capitais brasileiras, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter registrado uma leve queda de 0,31% nos preços em junho, a inflação acumulada de janeiro a junho atingiu 5,95%, mais de dois pontos percentuais acima da média nacional (3,13%).
No recorte de 12 meses, a capital paraense soma alta de 7,45% no aluguel, ficando atrás apenas de Vitória (ES), com 9,97%. A elevação acompanha a tendência nacional de alta no setor de habitação, que teve variação média de 0,99% em junho — o maior aumento mensal registrado no IPCA.
Especialista em mercado imobiliário e na preparação de imóveis para eventos internacionais como a COP 30, o corretor Giovanni Reis aponta que Belém vive um momento de especulação intensa, impulsionado sobretudo pela expectativa em torno da conferência climática das Nações Unidas, prevista para ocorrer na capital em 2025.
“A instabilidade dos preços está criando um cenário de incerteza. Muitas delegações internacionais estão repensando a quantidade de pessoas que trarão para o evento porque o valor dos aluguéis ainda não condiz com a realidade do mercado. É um preço inflado que não se sustenta a longo prazo”, avalia Reis.
De fato, após o anúncio da COP 30 no fim do ano passado, muitos proprietários aumentaram os valores dos imóveis ou suspenderam os contratos de locação, apostando em lucros altos com a chegada do evento — comportamento que também se espalhou pela Região Metropolitana de Belém.
Um levantamento recente do índice FipeZap, com base em 1.414 anúncios imobiliários em junho, mostra que o valor médio do aluguel em Belém chegou a R$58,99 por metro quadrado. É o terceiro maior entre todas as cidades analisadas, atrás apenas de Barueri (R$68,30) e São Paulo (R$61,32).
Entre os bairros mais caros, destacam-se Umarizal (R$67,80/m²), Jurunas (R$67,30/m²) e Cremação (R$64,90/m²). Este último apresentou a maior variação no acumulado de 12 meses, com alta de 56%. Já os bairros com preços mais acessíveis foram São Brás (R$54,60/m²), Marambaia (R$54,70/m²) e Pedreira (R$55,10/m²).
Ainda segundo o FipeZap, Belém registrou variação de 8,94% nos preços de aluguel no primeiro semestre — acima do número apontado pelo IPCA. Entre as capitais, foi a segunda maior alta, atrás apenas de Campo Grande (MS), com 12,69%. No acumulado de 12 meses, a cidade também se destaca com 19,85%, ficando atrás apenas de Salvador (BA), com 22,68%.
Para Giovanni Reis, o cenário atual é insustentável. “Há uma bolha silenciosa se formando no mercado de aluguéis. Com valores tão altos e fora da realidade da renda da maioria, o risco é de que muitos imóveis fiquem vazios ou gerem inadimplência. Precisamos equilibrar as expectativas com a capacidade real do mercado”, concluiu.