O Tribunal de Contas da União (TCU) deve investigar a nomeação de dois assessores do gabinete da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) suspeitos de atuarem como maquiadores durante o horário de trabalho. A representação foi protocolada pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, na quarta-feira (25). A informação foi divulgada inicialmente pelo portal Poder360.
De acordo com o subprocurador, os assessores Ronaldo Hass e Índy Montiel ocupam formalmente cargos de secretários parlamentares, mas estariam exercendo atividades de produção de imagem pessoal da deputada, o que poderia configurar desvio de finalidade no uso de recursos públicos. Caso a irregularidade seja confirmada, o TCU poderá determinar o ressarcimento dos valores pagos com verba da Câmara dos Deputados.
O regimento interno da Casa Legislativa proíbe a contratação de servidores exclusivamente para serviços de caráter particular, como maquiagem, figurino ou produção estética. Ainda segundo dados públicos, Hass recebe salário de R$ 9.678,22, enquanto Montiel tem remuneração mensal de R$ 2.126,59.
Além da representação no TCU, o caso também foi levado ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), adversário político de Erika Hilton, que pede a apuração de eventual quebra de decoro parlamentar.
Em resposta, Erika Hilton afirmou nas redes sociais que os dois servidores exercem atividades técnicas dentro do gabinete, como participação em comissões, elaboração de relatórios e atendimento à população. Segundo ela, as acusações fazem parte de uma campanha de perseguição por parte de parlamentares da extrema-direita.
“Conheci Ronaldo e Índy como maquiadores, mas identifiquei outros talentos neles. Eles me acompanham em agendas no Brasil e no exterior e, quando podem, fazem minha maquiagem. Mas mesmo que não fizessem, seguiriam como meus secretários parlamentares”, escreveu a deputada.
A parlamentar também criticou a repercussão do caso nas redes sociais, classificando as denúncias como desproporcionais e motivadas por disputas políticas. “A velocidade com que espalharam essa mentira é desumana. Isso são sintomas de uma perseguição, de uma revanche daqueles que ainda não digeriram nossas vitórias no debate público”, afirmou.
Erika Hilton é autora de projetos com forte apelo social, como a proposta que pretende encerrar o regime de trabalho 6×1, e recentemente protagonizou um embate com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) em torno de uma proposta de fiscalização de transações bancárias via Pix. Para ela, as suspeitas agora levantadas têm relação direta com sua atuação em pautas sensíveis e de alto impacto.
O TCU ainda não se manifestou oficialmente sobre o andamento da apuração.