A prefeita de Marituba, no Pará, Patrícia Alencar (MDB), de 37 anos, mãe de três filhos e empreendedora de origem humilde (natural de Bodocó, Pernambuco), viu sua vida dar uma guinada inesperada nas redes sociais após o vazamento de um vídeo pessoal. Nele, ela aparece dançando forró de biquíni ao som de “Que Pancada de Mulher” — uma cena de lazer que havia sido compartilhada apenas em um perfil privado com cerca de 186 seguidores.
Quando o vídeo foi publicado contra sua vontade por um seguidor que gravou a tela, a gestora tomou a decisão estratégica de assumir o conteúdo e postá-lo em sua conta institucional no Instagram. O efeito foi imediato: o perfil passou de aproximadamente 700 mil seguidores para 1 milhão naquele sábado (7 de junho) e chegou a 1,2 milhão no domingo (8), um crescimento de quase 300 mil usuários em apenas três dias . Para efeito de comparação, sua conta está cerca de 20 vezes acima da conta oficial da Prefeitura de Marituba, que conta com cerca de 60 mil seguidores.
A repercussão, porém, foi controversa. Em entrevista ao g1, Patrícia acusou o julgamento de ser fruto de uma sociedade machista: “Infelizmente, o corpo de uma mulher incomoda mais do que a corrupção, a ineficiência ou o descaso na política”. Ela reforçou que, se fosse um homem fazendo uma atividade descontraída, seria considerado autêntico — e criticou mulheres que estranharam a postura: “a mulher não pode ser medida pela roupa que veste”.
Patrícia foi eleita prefeita pela primeira vez em 2020 e reconduzida ao cargo em 2024 com expressivos 71,36% dos votos válidos. Ao longo do mandato, além das funções administrativas, ela mantém uma presença pessoal nas redes, mesclando publicações sobre gestão pública com momentos de descontração.
O episódio chocou e ao mesmo tempo encantou o público: por um lado, questiona a exposição de autoridade política em situações informais; por outro, evidencia a força das redes sociais e o poder da autenticidade em criar conexão com o eleitor. Resta saber se essa explosão de popularidade digital resultará em engajamento político e fortalecimento institucional.
FONTE: ESTADÃO