Como muitos refugiados e migrantes, há três anos a venezuelana Nayi Susej chegou a Roraima trazendo consigo o espírito empreendedor e a vontade de fazer a diferença, mas sem as oportunidades necessárias para prosperar. Sua história, que reflete a realidade de muitos que buscam no Brasil um recomeço, mudou após participar da primeira turma do Empretec voltada para refugiados.
Com uma nova turma confirmada para o mês de junho, a iniciativa do Sebrae, em parceria com o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), tem se mostrado um divisor de águas para pessoas em situação de refúgio, reforçando que o potencial empreendedor não conhece fronteiras.
“Foi uma experiência transformadora, que me ajudou a fortalecer o comportamento empreendedor que sempre acreditei ter. Abriu novas oportunidades e me deu conhecimentos que pude aplicar no meu negócio. Posso dizer que mudou minha vida, pois passei a enxergar possibilidades que antes não via”, afirma Nayi.
Ela relata que, após o curso, passou a utilizar os conhecimentos adquiridos diretamente no seu empreendimento, o que abriu portas para sua atuação. “Tudo que eu aprendi dentro do Empretec, eu apliquei no meu negócio e desde então tenho tido oportunidades de negócios em lugares que antes eu não vislumbrava, conversei com pessoas-chave, que foram fundamentais para ajudar a expandir meu negócio, ter um espaço de vendas e agora estou me preparando para dar cursos online”, compartilha.
Parceria estratégica para o desenvolvimento local
A parceria entre o Sebrae e o ACNUR em Roraima é um pilar fundamental para o sucesso do Empretec com refugiados. Núbia Ribeiro, coordenadora estadual do Empretec, destaca a importância dessa colaboração.
“Temos muitos refugiados e migrantes que são empreendedores e que participam de nossas atividades por meio de oficinas, palestras, orientações e consultorias. Dentro desse universo, o Empretec voltado especificamente para refugiados vem para oportunizar e consolidar o comportamento empreendedor necessário para alcançar o sucesso”, explica.
Desenvolvido exclusivamente pelo Sebrae no Brasil e presente em mais de 49 países, o Empretec mantém uma metodologia rigorosa, adaptando-se às necessidades do público-alvo. Os resultados são visíveis e inspiradores. Núbia compartilha exemplos das oportunidades que o programa proporciona aos participantes.
“Temos empreendedores que antes trabalhavam em casa, e hoje têm um ponto fixo, estruturas adequadas e atendimento diferenciado. Tivemos também uma empresária que, após participar do Empretec para refugiados, se inscreveu em uma premiação internacional voltada para mulheres empreendedoras”, destaca.
Integração e autonomia: o papel do ACNUR
Carolina Morales, representante do ACNUR em Roraima, enfatiza a relevância do Sebrae como “parceiro estratégico e referência nacional no tema do empreendedorismo”. Segundo ela, muitas pessoas chegam ao Brasil em busca de refúgio e precisam começar do zero, mas já trazem consigo uma aptidão natural para empreender. A parceria visa garantir o acesso a oportunidades de capacitação e geração de renda por meio do empreendedorismo.
Colaboração além do Empretec
Além do Empretec, a colaboração entre Sebrae e ACNUR oferece um leque diversificado de capacitações e reforça informações essenciais para a autonomia dos refugiados, como regularização fiscal, acesso a microcrédito, direitos e deveres e educação financeira.
“Essas ações não apenas contribuem para que refugiados possam se estabilizar e empreender com segurança, mas também geram impactos positivos na economia e no mercado local, beneficiando o desenvolvimento de Roraima como um todo”, conclui Carolina.