A instalação de estruturas metálicas em formato de árvores em Belém, capital do Pará, gerou polêmica nas redes sociais e críticas de especialistas e influenciadores. A ação foi anunciada pelo governo do Estado como parte dos preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro deste ano.
De acordo com a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), serão instaladas até a COP cerca de 180 unidades, compostas por vergalhões metálicos reaproveitados, com plantas naturais e ornamentais fixadas à estrutura. O governo afirma que a medida é inspirada em modelos utilizados em Singapura e visa oferecer sombra e conforto em locais onde não há condições adequadas para o plantio de árvores reais, por conta da falta de espaço para raízes ou pela baixa qualidade do solo.
A iniciativa, no entanto, não agradou parte da população e foi alvo de críticas do jornalista André Trigueiro durante participação no programa Em Pauta, da GloboNews, na quarta-feira, 2. Para ele, os investimentos em Belém não estão alinhados com os objetivos ambientais da conferência.
“Belém está passando por um banho de loja caro, aproximadamente R$ 5 bilhões, recursos inclusive federais, predominantemente, para viabilizar a conferência numa cidade que tem uma infraestrutura historicamente precária”, afirmou Trigueiro.
O jornalista ressaltou que, diante da oportunidade de compatibilizar os investimentos urbanos com uma visão moderna e sustentável, o governo acabou optando por soluções que não refletem o espírito da COP. “A coisa está indo na contramão”, disse.
As árvores
Ao comentar especificamente sobre as estruturas instaladas em formato de árvores, ele questionou o custo e a eficiência da proposta. “Essa árvore aí, por exemplo, é uma das 180 que estão sendo instaladas em Belém, que é uma cidade amazônica, mas está investindo, e não é barato, em árvores artificiais estruturadas sobre vergalhões de aço com plantas ornamentais e naturais”, criticou. “O argumento é que não vai dar tempo até a COP para gerar sombra”.
Trigueiro ainda destacou o contexto climático da região para reforçar sua crítica. “Quem já foi à Amazônia sabe, eu já estive em Belém três ou quatro vezes, calor úmido, aquele sol inclemente com a umidade da floresta, uma sombrinha faz toda a diferença”, afirmou. “Ah, não vai dar tempo da árvore crescer, então vamos botar 180 árvores artificiais? Complicado, isso não é barato”, reforçou.
BRT e ciclovia
Além das “árvores artificiais”, o jornalista também criticou as obras do BRT (Bus Rapid Transit), uma das principais intervenções de mobilidade previstas para a COP 30. Segundo ele, a construção da ciclovia paralela ao BRT deixou a desejar.
“Alguém teve ideia, vamos meter uma ciclovia ali. Gente, eu conversei com dois cicloativistas de Belém. Olha só, isso era para ser a ciclovia, você tem trechos de asfalto, trechos de saída de automóvel ou de circulação de veículo das lojas sem sinalização, tem subida e descida como se fosse uma lombada”, criticou Trigueiro. “Isso poderia ter sido uma oportunidade de você, junto do BRT, fazer uma ciclovia de verdade, interligando três municípios”, acrescentou.
A COP 30 será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro de 2025 e reunirá líderes mundiais, representantes da sociedade civil e especialistas para discutir ações globais de enfrentamento às mudanças climáticas.