O ex-vereador Ruan Kenobby (DC) revelou que pode comprovar, com documentos e registros, que houve fraude à cota de gênero pelo partido Democracia Cristã (DC) nas eleições municipais de Boa Vista em 2024.
O Portal O Fato teve acesso, com exclusividade, à defesa apresentada pelo ex-vereador de Boa Vista Ruan Kenobby (DC) no âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que apura suposta fraude.
A defesa de Ruan Kenobby afirma que há documentos e registros que podem comprovar a inatividade dessas candidaturas e como elas foram utilizadas para validar a chapa do partido. Outro fato curioso é que todas as mulheres investigadas possuem o mesmo advogado de defesa.
Caso a fraude seja confirmada, os vereadores eleitos pelo Democracia Cristã, Adnan Lima e Roberto Franco, podem perder seus mandatos. Com isso, assumiriam as vagas um vereador do União Brasil e um vereador do PL, conforme prevê a legislação eleitoral para redistribuição de mandatos.
A ação por fraude à conta de gênero
A ação foi movida por Emmanuel de Oliveira Novaes, que foi candidato pelo União Brasil, partido da mesma coligação do DC. No documento, Ruan Kenobby afirma ter presenciado reuniões e acordos internos do partido para viabilizar a cota mínima de 30% de candidaturas femininas. Além disso, ele declara possuir provas que comprovam a irregularidade.
Segundo a manifestação protocolada na Justiça Eleitoral, o ex-parlamentar acompanhou os processos de definição das candidaturas e a confecção do Documento de Regularização de Atos Partidários (DRAP), essencial para a homologação da chapa. A defesa aponta que tais candidaturas fictícias foram usadas para preencher os requisitos legais, sem que as candidatas efetivamente fizessem campanha eleitoral.
Foto: Trecho da AIJE
Candidaturas femininas sob suspeita
A AIJE lista diversas candidatas do DC que, segundo a denúncia, tiveram pouca ou nenhuma atividade eleitoral. O documento aponta baixa votação, ausência de movimentação nas redes sociais e prestação de contas padronizada, sugerindo que os recursos destinados às campanhas foram repassados diretamente ao partido. As candidatas mencionadas são:
- Andrea Cordeiro da Silva (Dra. Andréa) – 20 votos. Não teve publicações de campanha nas redes sociais e seu perfil informado no Instagram não existe ou foi removido.
- Elane Florêncio Rodrigues (Elane Florêncio) – 499 votos. Apesar de ter sido a candidata feminina mais votada do partido, não há indícios de campanha ativa.
- Eliza da Silva Souza (Eliza Anjinha) – 14 votos. Fez 11 postagens no Instagram, mas nenhuma relacionada a materiais informados na prestação de contas.
- Geane Costa Machado (Geane Machado A Loira do Salão) – 41 votos. Publicou apenas uma vez no Instagram, no dia da convenção do partido.
- Julyanna Almeida da Silva (Julyanna Almeida) – 8 votos. A rede social informada na candidatura não existe ou foi apagada.
- Maria Ednalva da Silva Feitosa (Konchita) – 27 votos. Fez uma única publicação relacionada à campanha e manteve materiais antigos de eleições passadas.
- Nadia Marques dos Santos (Nadia Marques) – 19 votos. Publicou quatro vezes durante o período eleitoral, sem conteúdos que indicassem campanha ativa.
- Maria Socorro Sicales Campos (Socorro Sicales) – 6 votos. Não informou redes sociais à Justiça Eleitoral e sua última postagem no Facebook é de 2022.
Outro lado
O FATO tenta contato com a defesa das candidatas do DC citadas na matéria.