A Justiça concedeu uma medida protetiva em favor da ex-esposa do controlador-geral de Roraima, Regys Odlare Lima de Freitas, após denúncias de agressão, ameaças e vazamento de conversas íntimas. A informação foi divulgada pelo G1, nesta terça-feira, 4, que teve acesso à decisão judicial.  

Freitas, que atualmente ocupa um cargo no alto escalão do governo do estado, foi casado com a vítima por quatro anos, e os dois têm uma filha de quatro anos. Segundo o relato da estudante de medicina à Justiça, o relacionamento chegou ao fim em 2023 após episódios recorrentes de violência psicológica. De acordo com a denúncia, o controlador-geral a chamava de “vagabunda”, “manipuladora” e “psicopata”, além de dizer que “você não vai ser ninguém sem mim (sic)”.  

Após a separação, as ameaças teriam se intensificado. A mulher relatou que Freitas passou a perseguí-la e até divulgou gravações de suas ligações particulares para terceiros, incluindo o pastor da igreja que ela frequenta. “A cada dia fico mais constrangida por ter minha vida exposta”, afirmou na denúncia. Segundo a estudante, ela não sabe como o ex-marido teve acesso às gravações.  

A decisão da Justiça também menciona agressões físicas. Em uma ocasião, quando a mulher afirmou que buscaria medidas protetivas, Freitas teria reagido com puxões de cabelo e empurrões. Além disso, ela afirmou que chegou a ser seguida por ele na academia onde treina e que sentia sua liberdade monitorada. “Nos anos em que estive com Regys, ele sempre foi uma pessoa ciumenta, persuasiva, perseguidora e controladora, que me tratava com inferioridade”, declarou à Justiça.  

Diante do quadro apresentado pela vítima, o Ministério Público se manifestou a favor da concessão da medida protetiva, que foi deferida pelo juiz. O controlador-geral de Roraima foi proibido de se aproximar da ex-esposa, devendo manter uma distância mínima de 200 metros, além de estar impedido de qualquer contato com ela. O magistrado também determinou a busca e apreensão de eventuais armas de fogo em posse do investigado. A Patrulha Maria da Penha foi acionada para acompanhar o caso.  

Freitas nega todas as acusações e sustenta que a ex-esposa age por vingança. Em nota enviada ao G1, ele afirmou que a decisão judicial foi tomada “com base exclusivamente na palavra da mulher, mesmo que sem provas, como é o caso, é uma prerrogativa desta vara especializada”. Ele ainda declarou ter apresentado documentos que comprovariam sua versão dos fatos e que aguarda nova decisão da Justiça.  

O governo do estado e a Polícia Civil ainda não se manifestaram sobre o caso. O controlador-geral ocupa o cargo desde janeiro de 2024 e, antes disso, foi reitor da Universidade Estadual de Roraima por oito anos. Durante sua gestão, enfrentou polêmicas, como um afastamento temporário da reitoria por decisão do governador, posteriormente revertido pela Justiça.