outubro 18, 2025
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Com hotéis quase cheios, Mosqueiro será polo base para hospedagem de delegações da COP30

Com transporte especial e leitos praticamente esgotados, ilha recebe visitantes de diversos países para o evento climático

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Com acomodações a poucos metros das praias e estrutura reforçada para receber visitantes, a ilha de Mosqueiro, em Belém, se consolida como um importante polo de hospedagem da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que começa em três semanas na capital paraense.

Tradicional destino turístico dos belenenses, a ilha também contará com um sistema especial de transporte com veículos climatizados para garantir o deslocamento dos participantes até a Blue Zone (Zona Azul), principal espaço de debates e negociações da conferência.

De acordo com a Associação Comercial de Mosqueiro (ACM), os meios de hospedagem locais contam com cerca de dois mil leitos disponíveis e já registram alto índice de reservas. Localizada a 70 quilômetros do centro de Belém, a ilha tem 22 praias de água doce, dezenas de restaurantes especializados em peixes regionais e a tradicional Tapiocaria da Vila, um dos pontos mais visitados por turistas.

Mobilidade garantida

Para facilitar o acesso dos participantes da COP30, o governo do Pará, em parceria com o governo federal, estruturou um sistema especial de transporte que vai interligar as praias e vilas da ilha aos espaços oficiais da conferência. Internamente, Mosqueiro contará com linhas circulares entre as praias do Paraíso e a Vila, com paradas em Carananduba, São Francisco, Ariramba, Murubira, Chapéu Virado, Porto Arthur e Farol.

Na Vila, os passageiros poderão embarcar na linha direta com destino à Blue Zone, com parada única no Chapéu Virado. Todos os veículos serão equipados com ar-condicionado, garantindo conforto e eficiência nos deslocamentos durante o evento.

Alta procura e mão de obra local

Empresários do setor comemoram a ocupação crescente nos meios de hospedagem da ilha. “Temos grupos vindos de vários países e estados brasileiros. São representantes de ONGs, empresas e até de governos. Já fechamos pacotes com participantes de Madagascar, Argentina, Congo e da região Sul do Brasil”, informou o hoteleiro Paulo Louchard, que mantém um hotel na praia do Ariramba e também atua no setor de restaurantes.

O empresário destacou que uma das estratégias para garantir as reservas com antecedência foi disponibilizar as acomodações em plataformas de hospedagem, como o Airbnb.

“Nós temos um sistema próprio de divulgação, mas vimos a oportunidade de ampliar a oferta em outros canais. Também fizemos contato com grupos que já se hospedaram anteriormente em nosso hotel, incluindo visitantes de Portugal, Alemanha e dos Estados Unidos”, acrescentou.

Segundo Louchard, todas as 102 pessoas contratadas para atender o público passaram por capacitação específica para o período da COP30 e são moradoras de Mosqueiro — iniciativa que também vem abrindo novas oportunidades de trabalho para jovens da ilha.

Entre os jovens que se beneficiaram dessa demanda está Ingrid Almeida, que, por falar inglês fluentemente, ficará responsável pelo atendimento aos hóspedes estrangeiros no hotel onde trabalha.

“Geralmente, o primeiro contato com eles é feito pelo WhatsApp, por mensagens de texto e ligações. Tem sido interessante porque assim tenho exercitado o idioma”, contou. A profissional acredita que a presença de participantes da COP30 em Mosqueiro representa uma oportunidade para que mais jovens ingressem no mercado de trabalho sem precisar sair da ilha.

Outro exemplo é Valter Ferreira, que foi promovido a supervisor de equipe em seu local de trabalho. Durante a COP30, ficará responsável pelos colegas que farão atendimento ao público em áreas de hotelaria e gastronomia. “A empresa promoveu diversos treinamentos para atender turistas, principalmente quem vem de fora do Brasil e não conhece a ilha e nossa gastronomia”, destacou sobre os preparativos para o mês de novembro. “Nosso foco é atender bem, porque queremos que esse visitante volte depois da conferência e traga mais gente”, completou.

Turismo e sustentabilidade

Proprietário de um hotel com mais de 50 suítes na praia do Paraíso, Otacílio Braga aposta no conceito de turismo sustentável para atrair os participantes da COP30. Do tipo “hotel fazenda”, o espaço ocupa uma área de 30 hectares de floresta preservada e oferece acomodações em chalés integrados à paisagem natural. O local será ponto de partida e chegada da linha de transporte coletivo que vai operar durante a conferência.

“O contato direto com a natureza é o que mais encanta quem chega ao hotel. Os hóspedes acordam com o canto dos pássaros e podem visitar a criação de galinhas caipiras e patos”, destacou Braga. No local, também é possível caminhar entre as plantações de frutas e hortaliças orgânicas que abastecem a cozinha do hotel e do restaurante. “O que não produzimos aqui, adquirimos da agricultura familiar da própria ilha”, garantiu o empresário.

Além do contato com a natureza, o hotel investe em práticas sustentáveis no dia a dia. O empreendimento conta com uma usina de placas solares que garante 80% da energia elétrica consumida e mantém programas permanentes de capacitação. “A nossa equipe passa por treinamento constante e já realizamos uma capacitação específica para a COP30. É importante que os colaboradores reforcem que o hotel já trabalha com a agenda sustentável, principal tema da conferência”, ressaltou Braga.

Tradição e acolhimento

Parada obrigatória para quem visita a ilha de Mosqueiro, a Tapiocaria da Vila também se prepara para receber um público ainda mais diverso durante a COP30. Os cardápios foram traduzidos para inglês, francês e espanhol, reforçando o atendimento aos visitantes estrangeiros. “Durante o Círio já tivemos muito movimento e esperamos ainda mais com a conferência”, contou Lulu Kethlen, funcionária da barraca da “dona Neném”.

No espaço, são servidas tapiocas com dezenas de opções de recheio, em receitas tradicionais repassadas de geração em geração. Lulu começou na tapiocaria ajudando a mãe e, hoje, trabalha ao lado dos sobrinhos, mantendo viva a tradição familiar. “O nosso diferencial é o uso de ingredientes regionais, como o doce de cupuaçu, o camarão, o jambu e a castanha-do-Pará. Tudo vai da gente criar e valorizar a culinária paraense”, destacou.

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