Investigado por corrupção, o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, está utilizando suas redes sociais para divulgar materiais com logomarca, slogan e o título de “governador”, prática que configura propaganda eleitoral antecipada, proibida pela legislação antes do período oficial de campanha.
As publicações foram realizadas após Santos ter sido alvo da Operação Hades, deflagrada pelo Ministério Público do Pará. A investigação apura um suposto esquema de corrupção no município da Região Metropolitana de Belém.
Durante a operação, a Justiça determinou o bloqueio de mais de R$ 500 milhões em bens de 16 investigados — R$ 131 milhões atribuídos ao prefeito, valor quase 30 vezes superior aos R$ 4,8 milhões declarados por ele à Justiça Eleitoral em 2024.
Segundo o Ministério Público, empresas contratadas pelo município recebiam editais de licitação com antecedência, venciam as disputas e, em troca, arcavam com despesas pessoais do prefeito e de aliados.
Além de multa, a prática de campanha antecipada pode resultar em outras sanções previstas pela Justiça Eleitoral.
Divergente
Em 2024, Daniel informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir um patrimônio de R$ 4.849.539,60. No entanto, a força-tarefa do MPPA determinou o bloqueio de R$ 140 milhões em bens atribuídos a ele — um valor 2.787% superior ao declarado oficialmente, ou seja, quase 28 vezes mais.
A discrepância foi revelada a partir da análise de documentos, planilhas e mensagens encontradas em celulares apreendidos durante os mandados de busca e apreensão cumpridos no último dia 5 de agosto. De acordo com o promotor Armando Azevedo, coordenador do Centro Integrado de Investigação do MPPA, os indícios apontam para um esquema de favorecimento de empreiteiras ligadas ao setor de urbanismo do município, que, em troca de contratos milionários com a prefeitura, teriam financiado bens pessoais do prefeito e de aliados próximos.