O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), André Corrêa do Lago, afirmou que o Brasil tem sido alvo de pressões diplomáticas para transferir a sede do evento, previsto para novembro de 2025, de Belém para outra cidade. O motivo seria a elevação considerada abusiva das tarifas hoteleiras na capital paraense durante o período da conferência.
A declaração foi feita durante evento promovido pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Corrêa do Lago destacou o impacto da crise nos países em desenvolvimento, principais afetados pelos custos.
“Há uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados”, afirmou.
De acordo com o diplomata, embora haja esforços em curso para mitigar os efeitos da alta nos preços, parte do setor hoteleiro ainda não assimilou a gravidade da situação. O cenário se agravou após entrevista do negociador africano Richard Muyungi à agência Reuters, na qual revelou que países já formalizaram pedidos para que a conferência seja transferida.
“Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém”, acrescentou Corrêa do Lago.
O presidente da COP 30 relatou que há registros de diárias com valores até 15 vezes superiores ao habitual. A prática, classificada como abusiva por representantes internacionais, gerou desconforto diplomático e reforçou os apelos por mudança de sede.
“Se na maioria das cidades onde as COPs aconteceram os hotéis começaram a pedir o dobro ou o triplo do valor, no caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de 10 vezes os valores normais”, disse.
Corrêa do Lago informou ainda que a Casa Civil da Presidência da República coordena um grupo de trabalho com o objetivo de buscar soluções junto ao setor, mas ressaltou os limites legais para controle direto de preços no país.
A COP 30 será a primeira conferência climática da ONU realizada na região amazônica e deverá reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas e representantes da sociedade civil de mais de 190 países.