outubro 24, 2025
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Pará lidera ranking de homicídios e trabalho escravo no campo, aponta Atlas da CPT

Estado concentra mais de 30% dos assassinatos ocorridos na Amazônia em conflitos agrários nas últimas décadas

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O Pará figura como o estado com os piores índices de violência no campo brasileiro, segundo o Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro 2025, divulgado nesta segunda-feira (21) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O relatório registra, entre 1985 e 2023, 612 assassinatos, 420 tentativas de homicídio, 1.597 ameaças de morte e 1.478 casos de trabalho escravo no território paraense.

O documento foi lançado durante o 5º Congresso Nacional da CPT, que segue até 25 de julho, em São Luís (MA), e reúne contribuições de universidades como Uerj e UFF, com base no acervo do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc-CPT).

Amazônia concentra dois terços dos homicídios no campo

No período analisado, foram contabilizados 2.008 assassinatos relacionados a conflitos agrários na Amazônia, o que representa 66,8% do total nacional. O Pará responde sozinho por mais de 30% dessas mortes, liderando o ranking entre os estados da região, à frente de Maranhão (201), Rondônia (178), Mato Grosso (152) e Bahia (147).

Xinguara é o município com maior número de homicídios no Pará (50), seguido de Marabá (42), Eldorado do Carajás (34) e São Félix do Xingu (34). Fora do estado, o destaque é Mucajaí (RR), com 38 mortes associadas a conflitos na Terra Indígena Yanomami.

As tentativas de homicídio totalizaram 420 no estado, consolidando novamente o Pará no topo do ranking. O Maranhão aparece em segundo lugar (217) e Minas Gerais em terceiro (141). Já em relação às ameaças de morte, a Amazônia concentrou 68,7% dos casos, com o Pará liderando com 1.597 registros – mais que Maranhão (1.144), Amazonas (481), Bahia (371) e Mato Grosso (360).

Entre os municípios com maior incidência de ameaças estão Marabá, São Félix do Xingu e Conceição do Araguaia.

Conflitos por terra têm epicentro na região Norte

De acordo com a CPT, conflitos por terra envolvem disputas pela posse, uso ou propriedade de áreas rurais, muitas vezes com participação de povos tradicionais, indígenas, assentados, sem-terra e quilombolas. O Pará registrou 4.961 ocorrências desse tipo, seguido por Maranhão (4.033), Bahia (3.326) e Pernambuco (3.147). Juntos, os quatro estados representam 38% de todos os conflitos por terra do Brasil.

Marabá lidera entre os municípios (438 conflitos), seguido de Rio Branco (AC), com 432. Outros municípios com altos índices no Pará incluem Xinguara, Altamira, São Félix do Xingu, Anapu, Conceição do Araguaia e Afuá.

Trabalho escravo: Pará tem maior número de registros

Com 1.478 casos documentados, o Pará também lidera em registros de trabalho escravo, à frente de Maranhão (411), Minas Gerais (400), Mato Grosso (349) e Tocantins (336). O relatório da CPT associa a persistência desse crime à falta de políticas públicas efetivas e defende a continuidade da fiscalização e das denúncias por parte de organizações da sociedade civil.

“A atuação da CPT segue essencial para denunciar e visibilizar essa grave violação dos direitos humanos, que persiste como herança do passado colonial e da exploração contemporânea”, destaca o relatório.

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