“Lembro quando cheguei na sede da Secretaria Especial da Mulher. Ao abrir a porta e receber ‘um bom dia’, um ‘seja bem-vinda’, fez com que me sentisse acolhida, um acolhimento maravilhoso e profissional. Fui uma das mulheres que chegaram pensando que não precisavam de apoio, mas, com o passar do tempo, percebi o quanto evoluí e passei a me sentir bem”.
O relato de Ana – nome fictício para preservar a identidade da vítima – refere-se ao atendimento que ela recebeu no Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), um dos serviços oferecidos pela Secretaria Especial da Mulher. Com enorme alcance social, o programa tem um impacto transformador na vida de milhares de mulheres roraimenses, cujo papel principal é acolher, orientar e resgatar vítimas de violência doméstica.
Esta reportagem faz parte da campanha “Sente, Cuida e Faz”, uma iniciativa da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) que traduz seu papel humanizado e transformador na vida das pessoas por meio de leis e programas sociais. O conceito resume a forma como a Casa tem atuado nos últimos anos: sentir as necessidades da população por meio da escuta ativa, cuidar da sociedade por meio de programas sociais e fazer a diferença na vida das pessoas com ações concretas e resultados visíveis.
“O Chame representa muito bem essa campanha da Assembleia Legislativa. Nós sentimos a dor de cada mulher que sofre esse ciclo de violência, contra o qual lutamos diariamente de maneira incansável. Nós cuidamos de cada mulher que chega até nós com muita responsabilidade e fazemos tudo o que está ao nosso alcance para que elas rompam o ciclo, se libertem e vivam uma vida plena e digna”, disse a secretária Especial da Mulher, deputada Joilma Teodora (Podemos).
Ana, a personagem desta reportagem, participa do Grupo Terapêutico Flor de Lótus do Chame, criado pela Assembleia Legislativa para auxiliar as vítimas no processo de autoconhecimento e resgate da autoestima – áreas da vida fragilizadas pelo constante ciclo de agressões, sejam elas físicas, verbais, patrimoniais ou psicológicas.
“Participar do grupo me fez perceber o quanto fui torturada psicologicamente ao longo da minha vida. No entanto, me reconheço como uma mulher sobrevivente. Superei o abuso sexual e diversas outras violências. Aprendi sobre o cuidado, a autoestima, a importância de se priorizar, os momentos de se olhar, de se respeitar. Percebo que tenho dormido melhor, que me sinto melhor, me visto melhor, cuido da minha autoestima e da minha saúde mental. Cada cicatriz se transformou em força e me sinto preparada para ajudar as mulheres a vencerem o medo e a escuridão que as perseguem”, contou emocionada.
Programa pioneiro no país
Criado em uma época em que as leis que abordavam a violência contra a mulher começavam a ser discutidas no Brasil, o Chame existe há mais de 16 anos. É, portanto, pioneiro no enfrentamento da violência de gênero, com uma enorme gama de serviços.
“O Chame faz parte de uma rede de proteção extremamente importante na defesa das mulheres. O Poder Legislativo não apenas atende em caso de emergência, quando precisamos acionar a polícia, por exemplo, mas também acolhemos, ouvimos e tratamos as sequelas deixadas por relacionamentos abusivos, para que essa mulher possa voltar a viver. Quando decidimos inserir a Secretaria Especial da Mulher como cargo na Mesa Diretora, no fim de 2023, foi para que as demandas relacionadas ao programa pudessem ser debatidas e resolvidas em tempo mais célere”, disse o presidente da ALERR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos).
No último ano, o Chame desenvolveu outras duas importantes iniciativas: a implementação do Grupo Terapêutico Flor de Lótus, com diversas sessões voltadas à saúde emocional, e o Espaço de Autocuidado Cabide Delas, que oferece, gratuitamente, roupas, calçados, acessórios, maquiagem e perucas. O intuito é atuar em diferentes frentes de acolhimento às mulheres, para que elas se sintam protegidas, reconhecidas e valorizadas.
“Cada mulher que chega até o Chame sai diferente de como entrou. Ela sai mais fortalecida e preparada para enfrentar as situações do cotidiano. Essas mulheres deixam a secretaria com o senso de autocuidado e amor-próprio, que são fundamentais para recuperar a autoestima e entender que a vida pode ser vivida de maneira leve, sem violência. E o retorno que temos delas nos faz entender a dimensão do impacto social do programa. É desafiador, mas gratificante”, destacou a diretora da Secretaria Especial da Mulher, Glauci Gembro.
O programa também está nas escolas com equipes ministrando palestras aos adolescentes que estão iniciando a fase dos relacionamentos. O objetivo é educá-los e orientá-los para que tenham relações saudáveis, sem violência ou qualquer tipo de abuso, e que compartilhem essas informações em espaços comuns, como em casa e em reuniões com amigos.
O resultado de todo esse trabalho aparece nos números da Secretaria Especial da Mulher, que registrou mais de 8 mil atendimentos neste ano. Os serviços incluem atendimentos psicológicos, sociais e jurídicos, palestras em escolas, caravanas de saúde e a confecção e entrega de perucas para mulheres em tratamento contra o câncer.
ZapChame salva vidas
Outra importante ferramenta de combate à violência é o ZapChame, número destinado a receber denúncias ou pedidos de ajuda de mulheres em situação de risco. Para acionar o serviço, basta enviar uma mensagem para o WhatsApp (95) 98402-0502. As equipes trabalham 24 horas por dia, todos os dias da semana. A iniciativa já salvou a vida de mulheres que estavam sendo agredidas pelos companheiros.
Programas da ALERR
A Assembleia Legislativa de Roraima conta atualmente com 10 programas permanentes: Centro de Convivência da Juventude (CCJuv); Escola do Legislativo (Escolegis); Secretaria Especial da Mulher, que abriga o Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) e o Centro Reflexivo Reconstruir; Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania; Programa Fiscaliza; Procon Assembleia; Centro de Apoio aos Municípios (CAM); Programa de Atendimento Comunitário com o Centro de Acolhimento ao Autista (Teamarr); Centro de Inovação e Empreendedorismo (Inovem); e Programa de Bem-Estar Animal.
Confira também:
Ex-vereador Ruan Kenobby detalha por escrito fraude à cota de gênero no DC ao TRE
Acesse o nosso perfil no Instagram


