Um dia após a invasão da Zona Azul da COP30 por manifestantes indígenas e de movimentos sociais, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, reafirmou a força da articulação dos povos originários no evento e evitou comentar diretamente o episódio. A marcha realizada nesta manhã em Belém, ao lado de lideranças de diferentes nacionalidades, foi marcada por discursos de união e protagonismo feminino.
Guajajara afirmou que “tudo está fluindo conforme combinamos dentro do movimento indígena”, destacando que delegações estão presentes em todos os espaços de incidência da conferência, Zona Azul, Zona Verde, Aldeia COP e Cúpula dos Povos. Segundo ela, o movimento está satisfeito com o número de representantes credenciados nesta edição, que alcançou cerca de mil indígenas na área oficial de negociações.
Questionada sobre críticas à falta de participação indígena na tomada de decisões, a ministra rebateu apontando que nenhuma edição anterior da conferência havia reunido tamanha presença. “Você sabe quantos indígenas estiveram nas COPs anteriores? O maior número foi 300. Aqui nós temos mil indígenas na Zona Azul. Nossas vozes estão sendo escutadas”, afirmou.
O posicionamento ocorreu um dia depois de movimentos ocuparem a área restrita da conferência pedindo maior espaço de negociação e o fim da violência em territórios tradicionais. A ação gerou constrangimento ao governo, que tenta equilibrar apoio às pautas indígenas com a necessidade de manter a ordem e evitar incidentes durante a conferência, organizada com o apoio da ONU.
Na manhã desta quarta-feira, a segurança foi reforçada nas proximidades da Zona Azul. Integrantes da Força Nacional, Exército e Polícia Militar do Pará circularam de forma mais ostensiva na área, enquanto o acesso da imprensa foi parcialmente restrito a profissionais previamente credenciados. A Secop e a ONU afirmam que a investigação do episódio segue em andamento.
Em meio à repercussão, a ministra voltou a enfatizar a dimensão coletiva da participação indígena na COP30. Em publicação feita mais cedo, destacou que o movimento atua como um corpo ancestral e que a mobilização segue fortalecida: “Vamos lutar, vamos incidir, vamos seguir juntas… porque nunca seremos uma só, mas sempre um coletivo ancestral na defesa dos direitos dos povos, mulheres e meninas indígenas”, escreveu.
A marcha reuniu lideranças de diferentes povos que ecoaram cantos tradicionais nas atividades do “Espaço Guardiãs do Clima”, reforçando o tom de unidade e continuidade da mobilização durante a conferência. A ministra, por sua vez, manteve foco na agenda interna, sem abordar diretamente a invasão da véspera, mas reiterando que a atuação indígena segue firme dentro e fora dos espaços oficiais.
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