O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou nesta terça-feira (30), em Brasília, que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém em 2025, precisa ser marcada por resultados práticos.
Para ele, o evento deve ser lembrado como a “COP da implementação”, com foco na transformação de compromissos em ações concretas para mitigação dos efeitos climáticos, ampliação do financiamento internacional e fortalecimento de políticas públicas de conservação ambiental.
Barbalho participou do seminário “COP30 – Preservação de Florestas e Bioeconomia: os caminhos para mitigar a crise climática”, promovido pelos veículos O Globo, Valor Econômico e CBN. Ele integrou o painel “A vez dos Estados: as soluções para proteger a natureza e promover o desenvolvimento sustentável”, ao lado do governador do Acre, Gladson Cameli, com mediação de Thiago Bronzatto, diretor da sucursal de O Globo em Brasília.
“Ousamos realizar o maior evento sobre mudanças climáticas na maior floresta tropical do mundo. Isso é um chamamento simbólico. Precisamos de menos discurso e mais implementação”, declarou o governador.
Barbalho defendeu que a COP30 vá além da pauta ambiental tradicional e enfrente com centralidade o tema da transição energética. “Falar de mudanças climáticas é discutir o futuro da matriz energética global. O uso de combustíveis fósseis é hoje o maior emissor e o maior desafio à redução das emissões”, pontuou.
Justiça climática e protagonismo amazônico
O governador destacou que o Brasil, em especial a Amazônia, tem capacidade estratégica para contribuir com a redução da temperatura global, mas reforçou que essa contribuição depende de mecanismos efetivos de compensação financeira.
“É preciso fazer um chamamento ao Norte Global para que compreenda que temos condições de colaborar a partir do nosso estoque florestal. Mas, para isso, precisamos de financiamento climático. Não podem nos apontar o dedo exigindo preservação sem dividir os custos”, afirmou.
Avanços no Pará e bioeconomia como vetor de desenvolvimento
Barbalho citou a redução do desmatamento no Pará e anunciou para outubro o lançamento do Parque de Bioeconomia, com o objetivo de transformar a biodiversidade amazônica em inovação, conhecimento e geração de riqueza. “Nosso desafio é construir o Vale Bioamazônico, nos moldes do Vale do Silício, conciliando desenvolvimento e proteção ambiental”, disse.
Outro eixo destacado foi a modernização do setor pecuário. “Precisamos migrar do modelo extensivo para o intensivo, garantindo produção de alimentos com preservação da floresta”, defendeu.
Segundo o governador, o estado já avançou com políticas de rastreabilidade do rebanho. “Temos um decreto estadual que exige rastreabilidade individual de todo o rebanho bovino paraense, permitindo acompanhar cada animal do nascimento ao abate e garantindo integridade produtiva e segurança para a indústria da carne”, reforçou.
Remuneração por serviços ambientais
Ao encerrar sua participação, Barbalho defendeu a ampliação dos mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), com foco nas comunidades tradicionais e populações rurais da Amazônia.
“Com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento, estamos estruturando mecanismos para recompensar quem cuida da floresta. Proteger o meio ambiente é também proteger os milhões de brasileiros que vivem na Amazônia”, concluiu.