O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (13), a revogação e restrição de vistos de autoridades brasileiras, entre elas Alberto Kleiman, coordenador-geral da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém em 2025. A decisão foi comunicada pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, como parte de uma nova rodada de sanções contra atuais e ex-integrantes do governo brasileiro.
Segundo Rubio, a medida atinge pessoas identificadas como participantes ou facilitadoras do que o Departamento de Estado classificou como um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, no âmbito do Programa Mais Médicos, implementado com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O secretário afirmou, em publicação na rede social X, que o programa operou com práticas “incompatíveis com normas internacionais de trabalho” e foi “um golpe diplomático inconcebível” para enviar profissionais estrangeiros, especialmente de Cuba, ao Brasil.
Além de Kleiman, foi incluído na lista Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. Ambos possuem histórico de atuação em saúde pública e relações internacionais. Kleiman, por exemplo, já ocupou cargo de assessor no Ministério da Saúde e foi diretor na OPAS, instituição envolvida na coordenação do Mais Médicos no Brasil.
O Programa Mais Médicos foi criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff (PT), com o objetivo de ampliar a cobertura médica em áreas de difícil acesso, periferias e comunidades indígenas. Parte dos profissionais enviados ao país veio por meio de acordos com Cuba, com intermediação da OPAS.
A decisão de Washington ocorre em meio a um cenário de tensões diplomáticas recentes entre Brasil e Estados Unidos. Além das sanções de vistos, o governo norte-americano anunciou tarifas de até 50% sobre diversos produtos brasileiros. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um pacote de R$ 30 bilhões para apoiar exportadores, incluindo crédito, benefícios fiscais e incentivos à produção interna.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu às medidas defendendo a legalidade e o impacto social do Mais Médicos, que, segundo ele, “salva vidas e é aprovado por quem realmente importa: o povo brasileiro”. Padilha classificou as sanções como “ataques injustificáveis” e lamentou que nomes como Kleiman e Sales tenham sido incluídos na lista.
Cuba e outros países da África e do Caribe também criticaram as ações norte-americanas, defendendo que as missões médicas têm caráter solidário e contribuem para a melhoria de sistemas de saúde em países parceiros. O governo cubano acusou os EUA de tentarem prejudicar deliberadamente uma de suas principais fontes de receita externa.