Durante manifestação em frente à Prefeitura de Belém, na tarde da servidores públicos municipais protestaram contra o que classificam como uma “manobra” da gestão do prefeito Igor Normando ao anunciar o reajuste do salário base dos servidores. Em pronunciamento inflamado, uma servidora acusou o prefeito de “mentir para a população”, afirmando que o aumento não é real, mas resultado da incorporação da escolaridade ao vencimento básico.
“Ele lançou uma grande mentira dizendo que aumentou o salário dos servidores de R$ 1.044 para R$ 1.630. Mas, na verdade, ele incorporou a nossa escolaridade ao vencimento básico só para dizer que paga o salário mínimo. Isso é um golpe”, afirmou a servidora, indignada com a condução do processo de reajuste. Segundo ela, a medida desconsidera a qualificação profissional dos trabalhadores, que agora estaria sendo usada como base para atingir o mínimo legal, retirando um direito adquirido.
Ela também criticou o silêncio e a falta de posicionamento de lideranças que, segundo ela, deveriam defender os interesses da categoria. “Ele está nos tratando com descaso. Depois de prometer valorização, está tirando justamente aquilo que diferencia nossa carreira, nossa escolaridade. Isso é um desrespeito com quem dedica a vida ao serviço público”, completou.
A manifestação ocorreu após o anúncio feito por Igor Normando na quinta-feira (17), quando o prefeito informou que o novo salário base dos servidores municipais será de R$ 1.630 — um reajuste de R$ 586 sobre o valor anterior, que era de R$ 1.044 desde 2015. A proposta atinge 65% do funcionalismo municipal, de acordo com a prefeitura.
A gestão afirma que a mudança atende a uma das principais reivindicações dos servidores e que, ao incorporar abonos ao salário base, garante maior segurança previdenciária, já que o valor passará a ser contabilizado para aposentadoria. O projeto de lei será encaminhado à Câmara Municipal ainda em agosto.
No entanto, representantes da categoria afirmam que a proposta foi construída sem diálogo e pode prejudicar a carreira dos trabalhadores. O debate sobre os Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCRs) das categorias da saúde, educação e assistência social também está previsto nas próximas reuniões entre a prefeitura e os servidores.
Outros pontos da pauta, como reajuste do auxílio-alimentação (atualmente de R$ 400), concursos públicos e melhorias nas unidades de saúde, devem ser tratados em rodadas futuras de negociação. A próxima reunião entre servidores e prefeitura está marcada para esta quinta-feira, 17.