A Polícia Federal investiga um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Pará, que utiliza o acesso indevido a senhas de servidores para a concessão irregular de benefícios. Em operação deflagrada nesta terça-feira (15), agentes estão apurando a participação de funcionários públicos que teriam compartilhado suas credenciais, permitindo que fraudadores criassem perfis falsos e solicitassem aposentadorias e pensões sem a devida conferência dos documentos.

De acordo com a apuração, os infratores se valiam do “login” de servidores, muitas vezes em troca de favorecimentos, para acessar remotamente os sistemas do INSS e cadastrar benefícios com dados falsos ou adulterados. Os valores liberados chegam a atingir somas significativas, e os pagamentos são realizados em nome de pessoas que sequer tiveram qualquer vínculo com o sistema previdenciário. Após a liberação dos benefícios, o dinheiro era sacado por laranjas, dificultando o rastreamento.

A investigação, detalhada pela PF com base em mandados de busca e apreensão em agências do INSS e residências de suspeitos, tem o objetivo de comprovar a extensão da atuação criminosa e identificar os servidores que eventualmente colaboraram com o esquema. Durante a operação, foram apreendidos documentos, equipamentos eletrônicos e extratos bancários que devem ajudar a traçar a rede de fraudes e os beneficiários finais dos recursos.

A superintendência regional da Polícia Federal no Pará informou que o inquérito ainda está em fase inicial, mas já apontou para a existência de pelo menos quatro servidores envolvidos na concessão irregular dos benefícios. A corporação informou que tomará medidas para evitar novas ocorrências, inclusive revisando pedidos de aposentadoria autorizados no período investigado.

O INSS, por meio de nota, declarou que apoia integralmente as investigações e se comprometeu a fortalecer os mecanismos de controle e segurança internos. A tutela das senhas individuais de acesso será reforçada, com novos protocolos de auditoria e rastreamento de atividades suspeitas no sistema. Além disso, a autarquia disse que comunicará às autoridades competentes toda e qualquer indicação de comportamento inadequado por parte de seus funcionários.

Especialistas em segurança da informação ouvidos pela reportagem ressaltam que esse tipo de fraude se intensifica diante da fragilidade nos controles de acesso digital e da ausência de políticas mais rígidas de autenticação. Para combater essas vulnerabilidades, recomendam a adoção de autenticação multifator (MFA), monitoramento contínuo de logs de acesso e treinamentos frequentes com as equipes para sensibilização sobre riscos.

A Polícia Federal reforça que irá aprofundar as apurações, podendo solicitar cooperação de outros órgãos, como a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com o objetivo de rastrear movimentações financeiras atípicas e identificar os responsáveis pelos saques. Quem tiver informações sobre o esquema pode entrar em contato com a PF por meio dos canais oficiais, garantindo sigilo e anonimato.

Com a operação em curso, a expectativa é que sejam identificadas todas as ligações entre servidores e fraudadores, desmantelando o esquema e responsabilizando judicialmente os envolvidos. A investigação segue aberta e a PF promete novas fases conforme surgirem indícios de participação de outras pessoas ou ramificações.