Enquanto moradores de Ananindeua convivem com ruas esburacadas, obras paradas e dificuldades para acessar serviços básicos, a Prefeitura destinou mais de R$ 160 mil em prêmios para as quadrilhas juninas no São João 2025 — valor que consta no Edital de Concurso de Quadrilhas Juninas e Misses, publicado pela Secretaria Municipal de Cultura (SECULT). A quantia não inclui cachês artísticos nem os custos com estrutura, som e logística do evento, intitulado ‘Forró Ananindeua’.
A medida levanta questionamentos sobre as prioridades da gestão do prefeito Dr. Daniel Santos (PSB), já criticada por inchaço da máquina pública, altos níveis de endividamento e obras com atrasos de até dois anos.
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Em vídeos publicados nas redes sociais, o deputado estadual Fábio Filgueiras (PSB), do mesmo partido do prefeito, denunciou o “colapso silencioso” nas contas do município. Segundo ele, Ananindeua já acumula cerca de R$ 700 milhões em empréstimos, com carência prestes a expirar, comprometendo o pagamento de serviços essenciais. “Está faltando dinheiro até para pagar o básico”, afirmou.
Filgueiras também acusa a gestão de criar 12 novas secretarias, com cargos comissionados e salários elevados, além de um novo projeto de Agência Reguladora com previsão de 80 cargos e orçamento de R$ 5 milhões por ano. “Enquanto a cidade afunda, a máquina pública só cresce”, resumiu o parlamentar.
A população, por sua vez, sente no asfalto — ou na ausência dele — os reflexos da má gestão. No bairro do Guajará II, vias como a SN-21 e a Rua Leopoldo Teixeira estão praticamente intransitáveis, com buracos, lama e perigo constante para quem precisa sair de casa. “Pagamos imposto e não temos retorno. Toda vez que chove, vira um campo de guerra”, relatou um morador.
Diante do abandono, o alto investimento em festas culturais como o São João, apesar de sua relevância simbólica, parece destoar da realidade dos cidadãos. “De que vale investir em palcos se o povo não consegue sair de casa sem enfrentar crateras?”, questiona um trecho de crítica publicada nas redes.
A Prefeitura de Ananindeua ainda não se pronunciou sobre as denúncias do deputado nem sobre os contrastes entre os gastos culturais e os problemas estruturais enfrentados pela população.