O vereador Zezinho Lima (PL) denunciou, nesta sexta-feira (20), estar sendo ameaçado por membros de facções criminosas após tornar pública a existência da chamada “taxa do crime” — prática criminosa de extorsão imposta a comerciantes na capital e região metropolitana de Belém. Segundo o parlamentar, a Polícia Civil, por meio da Divisão de Repressão e Combate ao Crime Organizado (DRCO), já iniciou as investigações.
Em áudio enviado ao Portal O Fato, Zezinho relatou ter sido intimidado por indivíduos que se identificam como membros do Comando Vermelho. “Depois da denúncia que eu fiz sobre a questão da taxa do crime, eu recebi essas ameaças. Um cara que se denomina como MT e o outro é o ‘Ele K’. A DRCO já está investigando, já está na delegacia”, disse o vereador.
De acordo com Zezinho, uma das mensagens de voz enviadas pelos criminosos continha xingamentos e ameaças diretas. “Vamos conversar como homens. Ou você nos ajuda ou a gente te enche de bala”, teria dito um dos suspeitos.
Apesar do clima de intimidação, o vereador garante que seguirá atuando em defesa da população. “A gente está se resguardando, mas não vamos deixar de enfrentar e defender os pequenos e médios comerciantes de Belém, que passam por essa situação constrangedora”, afirmou. Ele também criticou a atuação do governo estadual na área de segurança pública. “Infelizmente, o governo do Estado não está fazendo sua parte. Os comerciantes estão tendo que pagar essa taxa como se fosse uma despesa fixa do faturamento mensal. Isso é um absurdo, um crime de extorsão.”
Zezinho Lima destacou ainda que a omissão diante da prática fortalece o crime organizado. “Se a polícia não fizer nada, o comerciante fica à mercê dessa bandidagem. Isso acaba fomentando mais ainda o tráfico de drogas”, alertou. Ele é vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e presidente da Comissão de Combate às Drogas da Câmara Municipal de Belém.
O que é a “taxa do crime”?
A chamada “taxa do crime” é uma prática criminosa de extorsão imposta por organizações criminosas a comerciantes, motoristas de aplicativos, donos de bares e até ambulantes. Em Belém e região metropolitana, relatos sobre esse tipo de cobrança têm se intensificado nos últimos anos. Os criminosos exigem pagamentos regulares — muitas vezes semanais — sob ameaça de represálias, como assaltos, ataques e até assassinatos.
Segundo especialistas em segurança pública, essa prática é usada pelas facções para financiar outras atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, aquisição de armamentos e coação territorial. Em 2024, uma série de reportagens revelou a atuação dessas redes em bairros de periferia da capital paraense, ampliando a pressão sobre o poder público para intensificar o combate ao crime organizado.