
A Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), responsável por importantes veículos da comunicação pública no estado, como a TV Cultura do Pará, a Rádio Cultura FM e o Portal Cultura, vive um cenário crítico que ameaça a dignidade de seus trabalhadores. De acordo com dados divulgados por servidores, 59,1% dos funcionários da fundação recebem salário-base inferior a um salário mínimo, ou seja, menos de R$ 1.518,00 — um valor considerado inaceitável diante da relevância do trabalho prestado.
Mesmo diante da precarização e da falta de valorização profissional, os servidores da Funtelpa seguem atuando na linha de frente da produção de conteúdo que informa, educa e entretém a população paraense. Com reportagens, programas culturais, transmissões esportivas e projetos que fortalecem a identidade regional, a fundação cumpre um papel estratégico na comunicação pública do Pará. No entanto, os trabalhadores afirmam que o momento exige uma resposta imediata do Governo do Estado.
A mobilização atual, encabeçada pela campanha #PCCRdaFuntelpaJá, clama pela aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), que há anos é aguardado pelos profissionais da fundação. O movimento ocorre após a vitória recente contra o Projeto de Lei 701/2024, que previa a extinção da Funtelpa e foi barrado pela pressão de artistas, jornalistas, movimentos sociais e parlamentares. Agora, a luta segue com foco na valorização interna da categoria.
A expectativa dos servidores é que o governador Helder Barbalho (MDB), que já declarou publicamente apoio a uma “Funtelpa forte”, encaminhe com urgência o projeto de PCCR à votação na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Segundo eles, a medida é essencial para garantir justiça, reconhecimento e dignidade aos trabalhadores que dedicam suas vidas à comunicação pública.
O orçamento do Governo do Pará para 2025 é estimado em R$ 48,6 bilhões, sendo que a Funtelpa representa apenas 0,06% desse total. Mesmo com recursos tão limitados, a fundação segue sendo referência em jornalismo, cultura, história e memória para o povo paraense. A falta de um plano de carreira, no entanto, agrava problemas históricos como a evasão de talentos, a sobrecarga de trabalho e o desestímulo entre os quadros da instituição.
Entre os nomes que marcaram a história da Funtelpa estão o jornalista e radialista Edgar Augusto Proença, com 47 anos de atuação na casa e à frente do programa mais longevo da Rádio Cultura FM, e a jornalista Lourdinha Bezerra, há 34 anos apresentando o tradicional “Clube do Samba”. Para os servidores, o PCCR é uma reparação histórica a profissionais que ajudaram a construir uma comunicação regional com identidade, comprometimento e credibilidade.
Em nota, os trabalhadores da fundação lançaram um apelo à sociedade paraense:
“Convocamos todos que acreditam na comunicação pública, na valorização cultural e na justiça social: gravem vídeos de apoio, assinem o abaixo-assinado em nossa bio e compartilhem essa causa! A Funtelpa resiste pelo amor aos paraenses; agora ela precisa de estrutura”.
A mobilização ganhou força nas redes sociais e começa a envolver também artistas, intelectuais, parlamentares e figuras públicas de todo o estado. O objetivo do movimento é garantir que o projeto seja finalmente apreciado pela Alepa e que, até 2026 — ano em que a Funtelpa completa 50 anos —, seus trabalhadores possam celebrar uma nova fase de respeito, valorização e futuro digno.