Em Santarém, no oeste do Pará, a escassez de ambulâncias tem gerado preocupação entre moradores e profissionais da saúde. Enquanto a cidade enfrenta dificuldades para atender à crescente demanda por serviços de emergência, três ambulâncias adquiridas com recursos públicos seguem sem previsão de entrega. O caso, envolvendo pagamento antecipado de R$ 918 mil em 2023 à empresa CKS Veículos Especiais LTDA, está sob apuração do Ministério Público Federal (MPF).
A compra foi realizada ainda na gestão do ex-prefeito Nélio Aguiar (MDB), atual secretário regional de governo do Baixo Amazonas, com verba oriunda de uma emenda parlamentar do deputado federal Henderson Pinto (MDB). Mesmo com histórico negativo — a CKS acumula pelo menos 24 processos judiciais em outros municípios — a prefeitura autorizou o pagamento integral antes da entrega dos veículos. Desde então, não houve retorno por parte da empresa, e não há registros de iniciativas da gestão passada ou do parlamentar para reaver os recursos públicos.

SAMU opera no limite
Atualmente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) conta com apenas três ambulâncias principais em operação: uma de suporte avançado e duas básicas. O reforço se dá com duas motolâncias na região do Cristoval, duas ambulâncias em Alter do Chão e mais duas na área urbana — número considerado insuficiente para uma cidade do porte de Santarém e seus distritos. A ausência das três novas unidades impacta diretamente o tempo de resposta em casos críticos.
Além da falta de veículos, outro fator agrava a situação: o sumiço das informações atualizadas no Portal da Transparência da prefeitura, referentes ao ano de 2024. A atual gestão, liderada por Zé Maria Tapajós (MDB), não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem, nem apresentou medidas para tentar recuperar o dinheiro investido ou responsabilizar os envolvidos.
As denúncias vieram à tona em audiência pública realizada em 29 de maio e foram encaminhadas ao MPF, que confirmou, em nota, ter aberto investigação no dia 6 de junho. A apuração busca esclarecer possíveis irregularidades no contrato e apurar responsabilidades.
A empresa CKS Veículos Especiais LTDA também foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestações da empresa e da prefeitura de Santarém.