Em um momento histórico para a cultura paraense, a cidade de Belém do Pará foi oficialmente reconhecida como a Capital Mundial do Brega pela ONU Turismo, nesta quinta-feira (5), durante cerimônia realizada no icônico Palacete Bolonha, no centro da capital. O evento contou com a presença do ministro do Turismo, Celso Sabino, do prefeito Igor Normando, de servidores públicos e de dezenas de artistas que ajudaram a construir o legado do brega no Pará.
A conquista do título internacional foi motivada por uma disputa simbólica envolvendo Recife (PE), que chegou a ser anunciada em redes sociais como capital nacional do brega, no final de maio. O episódio acendeu um debate sobre a verdadeira origem e protagonismo do ritmo no Brasil. Diante disso, o Ministério do Turismo, liderado por Sabino, articulou com a ONU Turismo e defendeu a legitimidade de Belém como berço e potência cultural do gênero. O reconhecimento foi consolidado na 123ª reunião do Conselho Executivo da ONU Turismo, realizada em Segóvia, na Espanha, onde o ministro preside o colegiado.
“Essa situação envolvendo Recife nos fez refletir sobre a importância do brega para o Pará e para o Brasil. Foi esse movimento que nos levou a buscar o reconhecimento formal da ONU Turismo, que agora declara Belém como Capital Mundial do Brega”, afirmou Celso Sabino durante a cerimônia.
Antes de seu discurso, o ministro emocionou o público ao cantar trechos da música “O Pôr do Sol”, considerada o hino do brega paraense, numa demonstração de afeto e identidade com o ritmo. Em seguida, destacou que o título representa um marco histórico e um legado para a cultura amazônica, e que o próximo passo é transformar esse reconhecimento em ações concretas, com fomento e políticas públicas para o setor.
O prefeito Igor Normando ressaltou o valor simbólico do momento para a população e os artistas da cidade. “Esse título reconhece tantos e tantos artistas que, com sua música, construíram nossa identidade cultural. Hoje, podemos gritar com orgulho: Belém é a capital mundial do brega!”, declarou.
Cerca de 400 pessoas acompanharam a cerimônia, que também contou com apresentações e depoimentos de artistas icônicos do gênero. A cantora Ellen Patrícia, da banda Cheiro Verde, emocionou-se ao falar com a imprensa: “É uma reparação histórica. O brega sempre foi resistência, e agora é valorizado como símbolo da nossa cultura”.
Já o cantor Wanderley Andrade, um dos maiores nomes do brega nacional, fez um alerta: “Esse reconhecimento é importante, mas espero que ele não se limite à festa. Que venham políticas públicas, incentivos e investimentos reais na cultura do Pará”.
O evento reforçou a identidade de Belém como referência global da cultura popular amazônica e abriu caminho para a promoção internacional da cidade como destino turístico e artístico.