A liderança indígena Auricélia Arapiuns, presidente do Conselho Deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), tem sido uma voz crítica em relação ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), especialmente no contexto da preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro de 2025 em Belém.
Durante um ato político da Cúpula dos Povos, realizado em 30 de maio no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, Auricélia declarou que a COP30 “não representa os povos originários” e criticou o governador, afirmando que ele “ataca direitos dos povos indígenas, da natureza, todos os dias”. Ela enfatizou que a Cúpula dos Povos é o espaço legítimo para a construção de soluções para a crise ambiental, destacando que “nós temos a solução” .
Auricélia também mencionou a ocupação da Secretaria de Educação do Pará (Seduc), em janeiro de 2025, como o verdadeiro início da luta por uma COP justa e popular. Ela reforçou que os povos indígenas não se sentem representados nos espaços oficiais de negociação, onde seus direitos continuam sendo violados. Entre os principais pontos de crítica estão o apoio do governo paraense a projetos de infraestrutura considerados ameaças aos territórios indígenas, como a Ferrogrão, a hidrelétrica Belo Sun e o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, no rio Tocantins .
Além disso, Auricélia criticou a venda de créditos de carbono pelo governo do Pará, anunciada durante a Semana do Clima em Nova York, sem a devida consulta aos povos indígenas. Ela afirmou que o governador “usa o nome dos povos indígenas para legitimar um acordo bilionário, mas não respeita as leis internacionais, nem a Constituição Federal”
Em eventos internacionais, como a COP28 em Dubai, Auricélia continuou suas críticas, afirmando que o Pará descrito por Helder Barbalho “é um estado inexistente”, destacando a discrepância entre o discurso ambiental do governador e a realidade de desmatamento e queimadas no estado .
A Cúpula dos Povos, organizada por movimentos sociais e lideranças indígenas, seguirá com atividades ao longo do ano, reunindo movimentos populares, lideranças indígenas, quilombolas, ribeirinhas e especialistas em justiça climática, como contraponto às agendas institucionais da COP30.
Ao final do ato de 30 de maio, foi anunciada uma articulação para o envio formal das propostas da Cúpula dos Povos ao Congresso Nacional no próximo dia 10 de junho.