Praticamente às vésperas do fim do ano letivo, mães de alunos autistas, matriculados no Núcleo de Creches do Nova Cidade, na zona Oeste de Boa Vista, sofrem com a falta de cuidadores especializados para atender os filhos.
O conjunto de unidades de ensino atende 180 crianças, sendo 10 com diagnóstico confirmado para o autista e outras 20 aguardam o diagnóstico junto ao Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista. O local conta com 19 cuidadores e dois assistentes de alunos, porém, nenhum direcionado para o cuidado destas crianças.
A reportagem teve acesso a lista de frequência dos servidores, e constatou que não há profissionais lotados para o cuidado de alunos autistas. Uma servidora que preferiu não se identificar, informou à reportagem que para atender à demanda, a gestão da unidade tem alocado servidores em desvio de função, o que gera sobrecarga e indignação entre os funcionários.
Pais de alunos autistas relataram à reportagem que entraram em contato com a gestora da unidade, que afirma já ter solicitado cuidadores à Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), mas, até o momento, nenhum servidor foi designado.
“Alguns pais já vieram aqui e reclamaram, disseram que iam até o Ministério Público denunciar que não tem cuidador especial. É uma escola que não tem infraestrutura, não tem uma educação especial para essas crianças e a gestão meio que deixa de mão”, desabafou a servidora.
Além das 20 crianças que aguardam conclusão do diagnóstico, a gestão da unidade segura o envio de documentos de outros alunos que também necessitam de atendimento junto ao Centro de Autismo, para não aumentar a demanda. A falta de assistência e o acúmulo de responsabilidades têm colocado pressão sobre os cuidadores, que, em alguns casos, chegam a ficar responsáveis por até 30 crianças, incluindo aquelas que necessitam de atenção especial.
“Nós, pais de crianças autistas, deixamos nossos filhos na creche sem muita segurança dos cuidados que eles vão receber. Não têm profissionais qualificados para isso. Eu vou para o trabalho morrendo de preocupação. Já reclamamos com a gestão, falamos que vamos ao Ministério Público, mas nada é feito para mudar isso”, lamentou uma mãe.
A reportagem tenta contato com a titular da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), Consuêlo Sales, para obter esclarecimentos sobre a situação.
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