O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), afirmou neste sábado (15), em entrevista ao programa “Bastidores da Política”, da Rádio Tropical, que o fortalecimento da economia interna e o apoio ao pequeno produtor devem orientar a execução do Orçamento 2026. O projeto está em análise na Assembleia e recebe contribuições da população até 12 de dezembro.
Para o parlamentar, Roraima precisa “comprar e vender para si mesmo” para ampliar a circulação de riqueza no estado e reduzir a dependência de fatores externos. Ele argumenta que políticas públicas voltadas ao pequeno empreendedor, produtores familiares, feirantes e comerciantes locais geram impacto direto na distribuição de renda. “Quem faz o dinheiro circular é o pequeno, aquele que planta, contrata, vende e compra aqui. Precisamos fortalecer esse setor para que a economia de Roraima cresça de verdade”, disse.
Como exemplo, Sampaio citou a merenda escolar. “Não tem sentido nós comprarmos a nossa merenda lá em Santa Catarina ou no Rio Grande do Sul, podendo comprar aqui no supermercado local.” A mesma lógica, segundo ele, pode ser aplicada ao fardamento escolar, que poderia ser produzido por malharias locais, com apoio a famílias por meio de cartões.
O deputado também defendeu a criação de mecanismos específicos para apoiar pequenos empreendedores, em parceria com órgãos como Desenvolve Roraima, Setrabes e Sebrae, além de facilitar acesso a crédito em instituições como Banco da Amazônia e Banco do Brasil. “O governo precisa, em algum momento, chamar a sociedade, chamar o Poder Legislativo e priorizar esse pequeno empreendedor”, afirmou, destacando a necessidade de atenção aos jovens que iniciam novos negócios.
Orçamento 2026
Durante a entrevista, Sampaio comentou os números previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA). A estimativa de receita para 2026 é de R$ 9,2 bilhões, o maior orçamento da história de Roraima. Do total, cerca de 70% vêm do Fundo de Participação dos Estados (FPE), enquanto 30% são receitas próprias, como ICMS e IPVA.
Apesar do aumento no repasse federal, o parlamentar destacou que houve queda de quase R$ 100 milhões na arrecadação estadual, atribuída ao desaquecimento da economia com a repressão ao garimpo ilegal e à diminuição das exportações para a Venezuela.
Segundo ele, mais de 60% do orçamento é comprometido com despesas obrigatórias, sobretudo a folha de pagamento dos poderes. Saúde e educação, que devem seguir percentuais constitucionais mínimos, também absorvem grande parte dos recursos. “Sobra muito pouco para investimento em outras áreas. O que chega é fruto de emendas parlamentares, convênios com o governo federal ou operações de crédito. Por isso precisamos escolher com sabedoria onde aplicar”, afirmou.
Participação popular
Sampaio reforçou que a LOA seguirá o modelo participativo adotado nos últimos anos, com consulta pública disponível no site da Assembleia até 12 de dezembro. Em 2024, mais de 3 mil sugestões foram enviadas pela população.
As propostas serão sistematizadas e encaminhadas ao relator da LOA, deputado Renato Silva, e ao presidente da Comissão de Orçamento, deputado Jorge Everton. “É uma forma de garantir que a sociedade seja ouvida. Muitas das demandas incorporadas ao orçamento surgem dessas contribuições”, disse.
Ele citou ações resultantes dessa participação, como emendas para construção de creches, compra de veículos para transporte de pacientes do interior, apoio a comunidades terapêuticas e obras de infraestrutura urbana e rural.
A votação da LOA 2026 está prevista para ocorrer entre 20 e 23 de dezembro. “O orçamento é o instrumento que define o futuro do nosso estado. Por isso, não votamos nada sem dialogar com quem realmente importa: a população roraimense”, concluiu.


