O ritmo do carimbó abriu a Sessão Especial realizada nesta segunda-feira (29), no auditório Newton Miranda, na Assembleia Legislativa. A sessão foi iniciativa do deputado Dirceu Tem Caten (PT), atendendo solicitação do Ministério da Cultura, Escritório-PA, em homenagem ao mestre Lourival Igarapé e ao mestre Damasceno.
A solenidade também marcou os 11 anos do registro de Salvaguarda do Carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. “Neste ano, em que perdemos dois grandes ícones do carimbó – Mestre Lourival e Mestre Damasceno – que nos deixaram um legado inestimável da cultura popular do Pará e do Brasil, não poderíamos deixar de lembrá-los quando falamos dos 11 anos de reconhecimento nacional do nosso carimbó”, destacou o deputado.
Cristina Nunes, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará, ressaltou que “o setor da cultura está sendo reconstruído no Brasil e o reconhecimento do carimbó e do trabalho desenvolvido pelos mestres e mestras é fundamental nesse processo”. Ela entregou ao deputado o plano de salvaguarda do carimbó, elaborado junto com os representantes de coletivos populares e mestres do carimbó no Estado.
A importância do plano de salvaguarda também foi destacada pela representante do Ministério da Cultura, Telma Saraiva. “Além desse trabalho, precisamos nos unir para a aprovação de outros projetos importantes, como a aprovação da Lei dos Mestres do Carimbó, que cria o programa de proteção e promoção dos mestres dos saberes populares, em tramitação no Congresso desde 2011”, disse ela.
O filho do mestre Lourival, Rafael Barros, se emocionou ao lembrar do pai. “Ele foi um homem muito generoso, de muito calor e amor, que sempre lutou pelo carimbó e pela cultura popular. Estou honrado de estar aqui e peço que todos continuem levando as letras, as músicas e a cultura do carimbó para a sociedade, e que possamos valorizar e abraçar os nossos mestres e mestras”, avaliou.
Augusto Cézar Nunes, representante do mestre Damasceno, ressaltou que “a rua é o palco da cultura popular. Precisamos ocupar mais esses espaços. Precisamos levar as histórias e contos da nossa cultura, dos quais os mestres e mestras são os guardiões, para as escolas, para os livros didáticos, e o papel do poder Legislativo nisso é fundamental”, avaliou.
No encerramento da sessão, foram entregues 27 certificados de reconhecimento pelo fomento e de salvaguarda do carimbó aos mestres e mestras paraenses, por seu incansável trabalho em preservar essa rica manifestação cultural paraense. Cultura e memória paraense
Em 11 de setembro de 2014, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido na sede do Iphan, em Brasília, aprovou por unanimidade o registro do Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil. O Carimbó é muito mais que uma manifestação cultural, e suas formas de expressão contêm aspectos artístico, cultural, ambiental, social e histórico da região amazônica.
Há mais de dois séculos, o Carimbó mantém sua tradição em quase todas as regiões do estado paraense e tem se reinventado constantemente. Seus instrumentos, sua dança e música são resultados da fusão das influências culturais indígena, negra e ibérica; e a memória coletiva dos mestres e seus descendentes tem mantido vivos estes aspectos.
Entretanto, a principal característica do Carimbó está nas formas de organização e reprodução sociais em torno dele, no cotidiano de sociabilidade dos carimbozeiros, seja ele relativo ao dia a dia do trabalho ou das celebrações religiosas e seculares.
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