Uma nova denúncia ético-disciplinar contra o pastor Océlio Nauar, presidente da Convenção Interestadual de Ministros e Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Pará (Comieadepa), foi protocolada no último dia 21 de agosto junto à Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), em São Paulo. A representação nacional pede a responsabilização do líder religioso por declarações consideradas racistas e sexistas feitas durante uma pregação em Itaituba, no oeste do Pará.
Durante um evento voltado ao público feminino, Nauar afirmou que “mulheres brancas são mais caras do que as negras”, frase que repercutiu fortemente nas redes sociais e provocou indignação dentro e fora da comunidade evangélica. O episódio já havia motivado a abertura de um processo ético-disciplinar na esfera estadual, protocolado no dia 14 de agosto pelo pastor Erivaldo Monteiro Marques, que solicitou o afastamento cautelar do presidente da Comieadepa com base no regimento interno da instituição.
Na representação mais recente, o pastor Edmilson Furtado da Costa sustenta que a fala de Nauar “fere os princípios bíblicos de igualdade, amor ao próximo e respeito à dignidade humana”, além de violar normas de conduta impostas a ministros do Evangelho. A denúncia também ressalta que menores de idade estavam presentes no momento da pregação, o que, segundo o documento, agrava a gravidade do caso por potencialmente reforçar padrões discriminatórios e preconceituosos.
Além das declarações, a representação nacional cita condutas de afronta institucional por parte do pastor, como tentativas de intimidação a membros do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da Comieadepa e a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para tentar destituir o órgão e promover alterações no Estatuto, em meio a disputas internas pela liderança. Essas ações são apontadas como abuso de poder e violação do princípio de imparcialidade.
O caso também está sendo acompanhado pelo Ministério Público, por meio de uma notícia de fato, e pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), que recebeu uma representação sobre o episódio.