junho 20, 2025
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Brasil propõe agenda com 30 ações concretas para acelerar implementação do Acordo de Paris na COP30

Carta divulgada pela presidência brasileira da COP 30 antecipa agenda de ação global dividida em seis eixos estratégicos e propõe transformar o Balanço Global em uma NDC mundial

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A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 30), que será realizada em novembro em Belém (PA), divulgou nesta sexta-feira (20) uma carta com a proposta de uma nova agenda de ação global para enfrentar a crise climática. O documento apresenta 30 ações concretas, divididas em seis eixos estratégicos, e tem como objetivo orientar a implementação do Balanço Global (Global Stocktake – GST), mecanismo que avalia o progresso das metas do Acordo de Paris.

Entre os principais destaques da proposta está a sugestão de transformar o GST em uma espécie de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), porém com escopo global. A agenda é descrita como um “reservatório de iniciativas que conectem ambição climática a oportunidades de desenvolvimento”, por meio de investimentos, inovação, finanças, tecnologia e capacitação.

Inversão de lógica nas negociações

A inovação da proposta brasileira está na inversão do modelo tradicional adotado nas COPs anteriores. Até então, a construção da agenda fazia parte do processo de negociação entre os países. Neste ano, a ideia é que os debates partam dos temas já aprovados no Balanço Global, o que permitirá focar na implementação com base no consenso firmado por 198 países.

“O objetivo é acelerar a implementação. Primeiro vem a mobilização, depois as negociações e, por fim, a agenda de ação”, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30.

Os seis eixos temáticos da agenda

A agenda está organizada em seis grandes áreas temáticas:

  1. Transição energética, industrial e de transportes

  2. Gestão de florestas, oceanos e biodiversidade

  3. Transformação da agricultura e dos sistemas alimentares

  4. Resiliência urbana, infraestrutura e gestão hídrica

  5. Promoção do desenvolvimento humano e social

  6. Fortalecimento de capacidades, incluindo financiamento e inovação

Além das propostas, a carta prevê a criação de grupos de trabalho temáticos e a realização de 420 reuniões até a COP 30. Uma “consulta inclusiva” será conduzida pelos dois Campeões de Alto Nível das COPs 29 e 30 — Nigar Arpadarai e Dan Ioschpe — para definir a visão e o plano de ação para os próximos cinco anos.

Participação multissetorial

O documento também destaca a importância de incluir governos subnacionais, setor privado, academia e sociedade civil no processo de implementação. A proposta reconhece que, muitas vezes, empresas e atores não estatais conseguem se antecipar aos governos na adoção de soluções climáticas.

“O desafio climático é multifacetado e exige soluções adaptadas a diferentes contextos regionais, nacionais e locais, com participação ampla para ampliar os impactos positivos de forma transversal”, aponta a carta.

As 30 ações concretas da COP 30

Veja abaixo as ações propostas, divididas por eixo:

Eixo 1 – Transição energética, industrial e de transportes

  1. Triplicar as energias renováveis

  2. Dobrar a eficiência energética

  3. Acelerar tecnologias de emissões zero e baixas

  4. Garantir acesso universal à energia

  5. Abandonar os combustíveis fósseis de forma justa e ordenada

Eixo 2 – Natureza e biodiversidade
6. Investir no fim do desmatamento e da degradação florestal
7. Conservar, proteger e restaurar ecossistemas naturais
8. Preservar oceanos e ecossistemas costeiros

Eixo 3 – Agricultura e sistemas alimentares
9. Promover agricultura sustentável e recuperação de terras
10. Fortalecer sistemas alimentares resilientes e adaptáveis
11. Assegurar acesso equitativo à alimentação e nutrição adequadas

Eixo 4 – Resiliência urbana e infraestrutura
12. Fortalecer a governança em múltiplos níveis
13. Incentivar construções sustentáveis e resilientes
14. Desenvolver mobilidade urbana e infraestrutura adaptada
15. Melhorar a gestão da água
16. Avançar na gestão de resíduos sólidos

Eixo 5 – Desenvolvimento humano e social
17. Promover sistemas de saúde resilientes
18. Combater os impactos das mudanças climáticas na pobreza e na fome
19. Investir em educação, capacitação e criação de empregos
20. Valorizar a cultura e o patrimônio cultural na ação climática

Eixo 6 – Capacitação, financiamento e tecnologia
21. Integrar clima a contratos públicos e seguros sustentáveis
22. Harmonizar mercados de carbono e normas de contabilização
23. Integrar clima e comércio internacional
24. Reduzir gases além do CO₂
25. Ampliar acesso a tecnologias climáticas
26. Reforçar instituições públicas e planejamento climático
27. Usar inteligência artificial e infraestrutura digital pública
28. Fomentar inovação, empreendedorismo e microempresas climáticas
29. Estimular a bioeconomia e a biotecnologia
30. Garantir a integridade da informação sobre mudanças climáticas

A proposta da presidência da COP 30 reafirma o papel de liderança do Brasil nas negociações climáticas globais e busca dar um novo rumo à efetividade dos compromissos internacionais assumidos pelas nações.

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